26/09/2016 11:14
Ministro da Justiça diz que só é informado sobre operação da PF às 6h
Prisão de Palocci ocorre 1 dia após Moraes sugerir que haveria Lava Jato
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou na manhã desta segunda-feira (26), em São Paulo, que só recebe informações sobre as operações da Polícia Federal às 6h. A prisão do ex-ministro Antonio Palocci aconteceu um dia depois de Moraes sugerir que haveria operação da Lava Jato nesta semana.
"Temos uma praxe já montada no ministério de que a partir das 6, 6h15 da manhã, as informações das operações que serão realizadas no dia são passadas", disse Moraes em evento na Fecomércio.
Questionado quando soube da pris?o de Palocci, o ministro afirmou: "exatamente hoje, a partir das 6h15".
No domingo (25), em encontro com representantes do Movimento Brasil Limpo (MBL), em Ribeirão Preto, no interior, cidade administrada Palocci em dois mandatos, Moraes sugeriu que esta semana haveria nova fase da Lava Jato. "Teve a semana passada [operação] e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim" disse o ministro.
O ministro afirmou que sua fala de domingo em evento em Ribeirão Preto com movimentos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi "genérica" e que um jornalista que fez reportagem sobre o tema "truncou 20 minutos em uma frase".
Ele afirmou ainda que a Lava Jato ocorre de forma independente e que as recentes operações não têm relação com o período eleitoral. "Enquanto nós estivermos no Ministério da Justiça as operações vão continuar. Seja essa semana, seja a semana que vem. Porque desde que eu assumi, há quase 5 meses, nós não tivemos uma semana sem grandes operações", disse.
"Há corrupção e, havendo corrupção, deve haver operações. Foi uma afirmação genérica e, eu diria, as operações vão continuar. Hoje houve operação, essa semana deve haver mais operações, semana que vem. Enquanto houver necessidade de operações, a Lava Jato vai continuar", completou.
O ministro afirmou ainda que "não é possível parar investigações que estão em curso em virtude de eventos que ocorrem normalmente no Brasil", afirmou.
Em nota, a PF informou que "somente as pessoas diretamente responsáveis pela investigação possuem conhecimento de seu conteúdo" previamente.
"Em relação à 35ª fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal esclarece que adotou o mesmo padrão de compartimentação e cuidado com a informação que caracterizaram as quase 500 operações deflagradas este ano.
Somente as pessoas diretamente responsáveis pela investigação possuem conhecimento de seu conteúdo.
Da mesma forma, as datas de desencadeamento das operações especiais de polícia judiciária são acompanhadas apenas pelos responsáveis pela coordenação operacional.
Como já foi amplamente demonstrado em ocasiões anteriores, o Ministério da Justiça não é avisado com antecedência sobre operações especiais. No entanto, é sugerido ao seu titular que não se ausente de Brasília nos casos que possam demandar sua atuação, não sendo informado a ele os detalhes da operação.
A Polícia Federal, instituição do Estado brasileiro, reafirma sua atuação de acordo com o Estado Democrático de Direito", diz a nota.