Política

19/09/2016 08:24

Temer chega a Nova York para participar da Assembleia da ONU

Brasil deverá abordar desenvolvimento sustentável, refugiados e comércio

19/09/2016 às 08:24 | Atualizado O Globo
Carolina Matzenbacher

O presidente Michel Temer desembarcou neste domingo (18) em Nova York, onde participará da 71ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Seguindo a tradição, caberá ao presidente brasileiro o discurso inaugural do encontro, marcado para terça-feira (20).

Temer e sua comitiva foram recebidos por um grupo de manifestantes que ocupou a calçada em frente ao hotel onde está hospedado o presidente da República. Eles empunhavam cartazes dizendo "Fora Temer", "Temer Out" e "Golpista".

Juntamente com o presidente da República, estão confirmadas as presenças do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e das Relações Exteriores, José Serra, para acompanhar Temer na Assembleia, cujos debates duram até a sexta (23), com pronunciamento de todos os países.

Antes de embarcar, Temer transmitiu o cargo para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assume a Presidência República até a comitiva oficial voltar de Nova York.

O tema da assembleia da ONU neste ano é "objetivos do desenvolvimento sustentável". Além desse, Temer deverá abordar, em sua fala, o atual cenário econômico, o comércio exterior e a crise de refugiados. O processo de impeachment no Brasil não deverá ser abordado.

Agenda em Nova York

Nesta segunda-feira (19), está prevista participação de Temer na sessão de abertura da reunião sobre "Grandes Movimentos de Refugiados e Migrantes", e de sessão plenária sobre o tema. O encontro foi convocado pela Secretaria Geral da ONU

Já na terça-feira (20), Temer tem encontro agendado com o  secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e depois fará a abertura do Debate Geral da 71ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

Neste dia, poderá participar também de almoço em homenagem aos chefes de Estado e de governo promovido pelo secretário-geral da ONU e deverá tomar parte em uma reunião de cúpula, convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sobre a crise dos refugiados.

Já no início da próxima quarta-feira (21), o presidente deverá participar de um evento para comunicar a ratificação, pelo Brasil, do Acordo do Clima de Paris.

Encontro com investidores

Ainda na quarta, Temer participará de encontro com empresários e investidores, promovido pelo Conselho das Américas, além de almoçar no mesmo local.

Na última semana, o governo brasileiro anunciou um pacote de concessões com 34 projetos de infraestrutura. O objetivo é arrecadar R$ 24 bilhões em 2017 e estimular a geração de empregos no Brasil.

Temer deve deixar Nova York ainda na quarta para chegar ao ao Brasil na quinta-feira (22). Antes disso, porém também está previsto um encontro com a imprensa brasileira e internacional.

Reuniões bilaterais

Na viagem a Nova York, Temer terá encontros bilaterais. Estão previstas reuniões com os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, do Uruguai, Tabaré Vázquez, do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, e do Peru, Pedro Pablo Kuczynski. Com o Uruguai, o objetivo será fortalecer laços, mostrar que a crise política está superada e discutir questões regionais, como a situação da Venezuela.

Há ainda planos para conversas com líderes do G4, grupo formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão, que buscam a ampliação no Conselho de Segurança da ONU e interesse em reuniões com presidentes dos Brics, que reúne, além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -- o bloco surgiu do interesse comum das economias emergentes.

Durante os encontros, o Brasil deverá reforçar o discurso em favor da reforma do Conselho de Segurança da ONU, hoje formado apenas por 5 membros permanentes -- Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido, cada um com poder de veto -- e outros 10 rotativos.

Mas além disso, a diplomacia brasileira também deverá propor temas contemporâneos, como conflitos como o da Síria e terrorismo. O Brasil também vai se mostrar favorável à erradicação de armas nucleares.

Nas conversas, o país tentará mostrar à comunidade internacional que as instituições seguem dentro na normalidade após o processo de impeachment. O objetivo é mostrar segurança para oportunidades em acordos econômicos e possibilidades de investimento.