13/01/2016 11:29
Denúncia contra Vander cita 'benção' de Lula a Collor
A influência do deputado federal Vander Loubet (PT-MS) e do senador Fernando Collor (PTB-AL) sobre a BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras investigada na Operação Lava Jato, teria a anuência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo reportagem publicada pela Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (13), a PGR (Procuradoria-Geral da República) afirma, em denúncia contra o parlamentar sul-mato-grossense, que Lula permitiu a “ascendência” de Collor em troca de apoio à base governista no Congresso Nacional.
Já Vander Loubet estaria na cota do Partido dos Trabalhadores, que indicor Nestor Cerveró para a diretoria financeira da Petrobras e Andurte de Barros Duarte Filho para a diretoria de mercado financeiro.
De acordo com o procurador-geral Rodrigo Janot, todas as empresas que efetuassem contratos com a BR Distribuidora teriam que pagar propinas a Vander por sua influência. Pelo menos quatro delas teriam participado do esquema, entre postos de combustíveis, engenharia civil, compra e venda de álcool e administração dos programas de fidelidade.
A PGR denunciou Vander e sua esposa, Roseli da Cruz, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Também pediu multa de R$ 1 milhão a ser pago para a União, além da reparação de danos moras e materiais no valor de R$ 5 milhões.
Vander teria recebido R$ 1 milhão a pedido de Pedro Paulo Leoni Ramos, da empresa GFD Investimentos, operava fundos de pensões e algumas subsidiárias da Petrobras como a BR Distribuidora, segundo o doleiro Alberto Youssef. As propinas teriam sido entregues através do advogado Ademar Chaga da Cruz (OAB 13938). Inclusive, existiria uma ligação telefônica interceptada pela Polícia Federal em que Ademar cobra os depósitos de Pedro Paulo e depois pede desculpas, pois percebe que os pagamentos já haviam sido efetuados.
A GFD Investimentos funcionaria como uma empresa de fachada do esquema de corrupção, principal forma de lavagem de dinheiro usado por Alberto Youssef. Isso significa que a empresa não tinha atividade econômica ou capacidade de executar os serviços solicitados, mas era contratada para atividades de consultoria e emitia notas fiscais reais sem nunca executar o trabalho.
O dinheiro depositado na conta dessas empresas costumava ser sacado em espécime e utilizado no pagamento dos operadores e políticos. Entre as empresas de fachada podem ser citadas ainda a MO Consultoria, Empreiteira Rigidez e a RCI Software.
Despesas pessoais
Além disso, o inquérito da Lava Jato revela um suposto esquema para quitar as dívidas pessoais e de campanha do deputado. Três pessoas e duas empresas disseram que débitos abertos por ele e por sua mulher, de ao menos R$ 144 mil, foram cobertos pela empresa Arbor, que fazia a contabilidade do doleiro Alberto Youssef.
A Arbor era gerida pela contadora Meire Poza. À CPI da Petrobras, ela disse que emitiu cerca de R$ 7 milhões em notas frias para cobrir despesas ordenadas por Youssef. As dívidas de Loubet eram de duas naturezas: dinheiro emprestado à sua mulher e dívidas da campanha à Prefeitura de Campo Grande em 2012, quando foi derrotado.
Viagens com lobistas
Durante as investigações, a PF ainda detectou que Vander viajou para fora do país na companhia do lobista Jorge Luz para intermediar um negócio fechado com a Petrobras. As viagens ocorreram nos dias 27 de dezembro de 2010 e 23 de agosto de 2011, para Miami (EUA). Eles também estiveram no mesmo voo para Buenos Aires, na Argentina, em 8 de abril de 2011; e novamente para Miami, em 11 de novembro de 2011.
Para a Polícia Federal, Vander negou o recebimento de vantagens ilícitas de qualquer natureza. Já para a reportagem da Folha de São Paulo, sua assessoria informou, em nota, que não teve acesso à denúncia da PGR portanto não pode se pronunciar à respeito.