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Forças Armadas: 641 militares foram condenados por ligação com drogas

Levantamento por meio da Lei de Acesso à Informação permitiu identificar os crimes e as patentes de militares condenados de 2018 a 2024

19/01/2025 às 12:09 | Atualizado 19/01/2025 às 11:48 Elizeu Ribeiro
Arte/Metrópoles

Em 2019, um sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) chocou o mundo após ser preso com 39 kg de cocaína na bagagem, em um voo da comitiva da Presidência da República. O avião tinha como destino Tóquio, no Japão, mas fez escala em Sevilla, quando a alfândega espanhola identificou os entorpecentes. O caso chegou à última página em setembro de 2024, depois de a maior instância da Justiça Militar manter a condenação de Manoel Silva Rodrigues.

O agora ex-sargento é apenas um dos 641 militares condenados nos últimos sete anos por envolvimento com drogas. De 2018 a 2024, o Superior Tribunal Militar (STM) condenou integrantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha.

Os dados das condenações foram obtidos pelo Metrópoles por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), com o detalhamento do tipo penal e das patentes dos envolvidos.

Soldados do Exército foram os mais condenados, somando 563 do total. Apenas em 2019, 158 militares foram condenados pelo crime, a FAB teve 6, sendo 1 cabo e 5 soldados, e a Marinha, 1 cabo, 8 marinheiros e 2 soldados navais. No ano anterior, o Exército teve 77 soldados condenados e 1 cabo; a Aeronáutica, 4 soldados e 1 cabo; e a Marinha, 1 cabo, 3 marinheiros e 2 soldados navais.

Veja os dados por ano:

Em 2018

Aeronáutica
3 soldados

Exército
1 cabo

77 soldados

Marinha
1 cabo

3 marinheiros

2 soldados fuzileiros navais

Em 2019

Aeronáutica
1 cabo

5 soldados

Exército
1 sargento

1 cabo

158 soldados

Marinha
1 cabo

8 marinheiros

2 soldados navais

Em 2020

Aeronáutica
5 soldados

Exército
57 soldados

Marinha
3 cabos

4 marinheiros

2 soldados fuzileiros navais

Em 2021

Aeronáutica
8 soldados

Exército
1 cabo

57 soldados

Marinha
3 marinheiro

1 soldado fuzileiro naval

Em 2022

Aeronáutica
2 soldados

1 cabo

Exército
75 soldados

2 cabos

Marinha
5 marinheiros

Em 2023

Aeronáutica
2 soldados

Exército
66 soldados

Marinha
2 marinheiros

2024
1 sargento

2 soldados

Exército
55 soldados

Marinha
2 marinheiros

Relembre o caso do Sargento FAB:

214 tabletes de cocaína

Também em 2024, o STM manteve a condenação de dois militares do Exército que foram flagrados transportando 230 kg de cocaína em viatura militar. A droga saiu de Corumbá (MS), região oeste do estado, fronteira com a Bolívia, com destino a Campo Grande (MS), capital do estado de Mato Grosso do Sul.

Informações de inteligência indicaram que os dois militares estavam utilizando uma viatura Toyota Hilux 4×4, do quartel, para o transporte de entorpecentes, conforme foi divulgado pelo próprio tribunal.

Feita na rodovia BR-262, próximo à região do Indubrasil, em Campo Grande, por uma equipe do 9º Batalhão de Polícia do Exército (9º BPE), a abordagem possibilitou a descoberta de que a Toyota Hilux tinha como motorista um soldado do efetivo profissional do Exército e como chefe de viatura o sargento indiciado nos autos.

Os militares conduziam 214 tabletes de cocaína acondicionados dentro de três caixas e três sacolas guardadas na carroceria.

Estelionato

O levantamento ainda apontou casos de estelionato, em que de aspirantes a coronel foram penalizados por esse tipo de crime. No recorte pesquisado, dois coronéis do exército foram condenados como estelionatários. Os julgamentos ocorreram em 2018 e 2024.

2.140 militares condenados

A pesquisa via LAI é a mesma que o Metrópoles fez ao apontar que o Superior Tribunal Militar (STM) condenou 2.140 militares, de 2018 a 2024, mas poupou generais, brigadeiros e almirantes.

Por meio de nota, o Centro de Comunicação Social do Exército destacou que os integrantes da Força são “um estrato da sociedade brasileira e dos que fazem parte dela”; por isso, assim como todos os cidadãos, os militares estão sujeitos ao que preveem as leis penais civis e a legislação vigente especificamente para eles.

O Exército acrescentou que não cabe à instituição tecer comentários a respeito de decisões judiciais.

O Metrópoles procurou as três Forças Armadas para pedir posicionamento, mas não teve resposta das duas demais até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para eventual manifestação.