há 14 horas
Envolvido em assassinato de garagista pede para entrar na lista de proteção a testemunhas
Em pedido, Kelison Kauan, que ajudou na ocultação do corpo de "Alma", alega "necessidade preventiva"
Kelison Kauan da Silva, vulgo "Jamaica", 25 anos, um dos três denunciados por envolvimento na morte do garagista Carlos Reis Medeiros de Jesus, vulgo "Alma", entrou com um pedido na Justiça para que seja inserido no programa de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas.
O pedido foi realizado no dia 30 de dezembro à 1ª Vara Criminal de Campo Grande. O programa Provita (Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas) é um conjunto de medidas adotadas pela União com o objetivo de proporcionar proteção e assistência a pessoas ameaçadas ou coagidas devido à colaboração com investigações, ou processos criminais.
Kelison justificou a ausência nos processos judiciais, alegando "necessidade preventiva". A defesa afirmou que, após entrar no programa Provita, ele fornecerá todas as informações necessárias para cumprir as exigências legais impostas pela Justiça. O pedido, no entanto, é analisado pela 1ª Vara Criminal.
Ele é um dos envolvidos na morte de "Alma", denunciado pelo MPMS (Ministério Público Estadual). Ele é acusado de ocultação de cadáver por ter ajudado Vitor Hugo de Oliveira, vulgo "Primo", 36 anos, e Thiago Gabriel Martins da Silva, vulgo "Especialista", 35 anos, denunciados por terem arquitetado e cometido o assassinato.
Segundo a denúncia do Ministério Público, após a morte de "Alma", Kelison teria ajudado "Primo" a acomodar o corpo da vítima no porta-malas de um automóvel Chevrolet Corsa Sedan. Em seguida, o corpo foi transportado pelos executores até outro local para ser ocultado.
Relembre o caso
"Alma" foi assassinado na manhã do dia 30 de novembro de 2021, em uma garagem na Avenida Gunter Hans, Jardim Centenário, em Campo Grande. Os denunciados "Especialista", utilizando-se de uma arma de fogo, e "Primo", utilizando-se de uma faca, teriam agido juntos para matar o garagista.
Segundo o inquérito policial, "Alma" realizava “negócios” com ambos os denunciados, emprestando dinheiro a eles, bem como mantinha relação de amizade com os dois. No dia do crime, ele teria sido atraído até o estabelecimento de "Especialista" com o pretexto de que receberia o pagamento por um empréstimo que o denunciado havia contraído com a vítima.
No local, depois da saída dos funcionários, permaneceram apenas a vítima, "Primo" e "Especialista", bem como Kelison. Thiago, simulando que saldaria uma dívida com a vítima, teria tirado um montante de dinheiro do bolso e começou a contar as notas na frente de “Alma”, que estava sentado em uma cadeira.
Nesse momento, "Primo" aproximou-se de “Alma” pelas costas e, utilizando-se de uma faca, desferiu golpes na região do pescoço da vítima. Em seguida, Thiago sacou uma arma e efetuou disparos contra a vítima.
Ainda conforme investigação, "Alma" era “sócio” de José Venceslau Alves da Silva, vulgo "Celau", pai de Thiago. Ambos tinham negócios envolvendo agiotagem, tendo eles emprestado grande montante dinheiro a diversas pessoas, dentre elas Ademilson Cramolish Palombo, vulgo "Alemão".
Ocorre que José Venceslau faleceu no ano de 2020, sendo que os empréstimos feitos por ele e pela vítima ainda não haviam sido quitados, razão pela qual o Thiago queria receber o montante que era “por direito” de pai, incluindo a dívida contraída por "Alemão".
Como não houve o pagamento da dívida por "Alemão", Thiago teria passado a arquitetar morte de Ademilson, de forma combinada com "Primo" e "Alma", relata o MPMS. O garagista, porém, teria desistido do intento homicida, passando a se opor ao assassinato.
Assim, diante da desistência da vítima em não matar "Alemão", impossibilitando que "Especialista" recuperasse a “herança” ou se vingasse pelo não recebimento do dinheiro que era do pai, bem como pelo fato de que também devia para a vítima, tendo inclusive bens "penhorados" com "Alma" como forma de garantia de que pagaria o débito, Thiago teria arquitetado a morte da vítima com ajuda de "Primo", que também devia para a vítima e também possuía bem “penhorado” com ela.
Segundo o MPMS, aproveitando-se da amizade com "Alma", Thiago o teria chamado até o local com a desculpa de que pagaria o que devia. Após a vítima ser morta, "Primo" e Kelison acomodaram o corpo no porta-malas de um Chevrolet Corsa Sedan, para que fosse transportado até outro local para ser ocultado, bem como realizaram a limpeza do local.
Posteriormente, "Primo" e "Especialista", a bordo do automóvel Corsa Sedan, transportaram o cadáver de "Alma" até local ainda desconhecido, onde foi ocultado. A vítima até hoje não foi encontrada.