Campo Grande

há 10 horas

Camila Jara diz que foi alvo de arma apontada pela PM em ação contra bares

Durante ação policial, deputada discutiu com militares e criticou frequência das abordagens

22/12/2024 às 16:11 | Atualizado 22/12/2024 às 16:13 Felipe Dias
Deputada federal 'bateu boca' com a Polícia Militar - Ali Gonçalves

A deputada federal Camila Jara (PT) 'bateu boca' com a Polícia Militar, na madrugada deste domingo (22), durante ações contra bares do Centro de Campo Grande. Em uma das abordagens, ela relata que policial desceu armado, apontado a arma para civis e contra ela própria.

Camila relata que a primeira abordagem aconteceu em um bar na Rua 14 de Julho, onde estava. Ela conta que os policiais militares teriam parado em frente ao bar, que já encerrava as atividades.

"O som já tinha acabado, já estavam encerrando as atividades, fechando a porta e uma viatura da PM parou na frente do bar com uma forma de coação. Isso tem acontecido constantemente", contou.

Durante a abordagem, ela questionou a ausência de identificação do comandante da operação, o que gerou uma discussão, mas, logo em seguida, a viatura teria ido embora. Como o bar já havia encerrado as atividades, a deputada se dirigiu para outro estabelecimento na Rua Calógeras.

No local, ela relata que chegou juntamente com outra viatura da Polícia Militar. Porém, desta vez, um dos policiais teria descido armado, apontado para os civis.

"Quando cheguei, uma viatura estava no local, e, ao descer, o policial apontou a arma. Comecei a filmar e questionar por que ele estava apontando arma para civis. Ele só abaixou a arma quando me identifiquei como deputada federal", disse.

Os agentes só teriam deixado o local após o dono do estabelecimento apresentar alvará. Durante diálogo com os policiais, Camila teria questionado o motivo da ação. O comandante, no entanto, disse que cumpria um chamado, mas que só poderia disponibilizar o número do chamado ao responsável pelo bar.

Abordagens frequentes

A deputada criticou a frequência das abordagens e a necessidade de apresentação constante de alvarás, mesmo sendo documentos com validade de meses. "Quase toda semana os alvarás dos empresários da Rua 14 de Julho e dos bares ao redor da Esplanada Ferroviária são verificados, como se não tivessem meses de validade para funcionamento", destacou.  

Empresários da região têm reclamado que as ações da PM impactam diretamente a atividade comercial, afastando clientes e gerando insegurança jurídica. "Não tem como os empreendedores terem segurança se, toda noite, seus estabelecimentos são fechados pela polícia", pontuou a parlamentar.  

Os episódios relatados teria acontecido após reuniões realizadas entre o gabinete de Camila Jara, o vereador diplomado Jean Ferreir (PT), empresários da 14 de Julho e o governador Eduardo Riedel, além de representantes da Câmara Municipal e do comando da PM.

Nos encontros, havia um compromisso de evitar abordagens truculentas, principalmente ações com policiais de arma em punho, que espantam os clientes, e limitar os níveis de som para respeitar moradores, explica a deputada.

Também houve um acordo sobre o som, que deve estar sempre apontado para dentro dos bares. A ideia era dar tranquilidade para o empreendedor, levar a atração cultural que atraia público e garantir sossego para quem mora na região enquanto a lei do silêncio e do corredor gastronômico não é regulamentada.

Outro lado

A Polícia Militar foi procurada para se posicionar sobre os relatos da deputada e as ações da madrugada deste domingo. Em nota, a PM informou que o 1° Batalhão de Polícia Militar, responsável pela segurança na área central, realiza diuturnamente ações preventivas, por meio do policiamento ostensivo, rondas e fiscalização dos alvarás de estabelecimentos comerciais. 

"O principal objetivo é coibir a contravenção de perturbação do sossego e trabalho alheio e o crime de poluição sonora, mantendo a ordem e a tranquilidade dos moradores das regiões próximas a bares e restaurantes", explica.

Ainda segundo a instituição, a PM recebe diariamente inúmeras denúncias, via 190, de perturbação do sossego e poluição sonora, bem como constatou aumento no número de crimes contra o patrimônio em regiões próximas a esse tipo de estabelecimento.

"Os proprietários de bares na região da Rua 14 de Julho já foram orientados e participaram de reunião com representantes da segurança pública sobre a necessidade de cumprirem os horários e especificações dos alvarás de funcionamento que possuem, bem como sobre as ações da PM nesse caso. Por isso, em eventuais fiscalizações, sempre é pedido a apresentação dos alvarás para garantir o devido cumprimento das prescrições estabelecidas", pontua a nota.

Quanto ao questionamento do uso de armas durante a ação, segundo a PM, os policiais agiram dentro da legalidade. "Nas abordagens e procedimentos de rotina, o uso diferenciado e escalonado da força pode ocorrer. Todavia, não há que se questionar os procedimentos da equipe policial de serviço, que agiu dentro da legalidade, e de forma responsável. A PMMS ressalta e destaca que atua em prol da paz social e da ordem pública, em todo o estado de Mato Grosso do Sul", finaliza.