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Sophia: médico legista detalha abusos e confirma morte por agressão
Segundo o especialista, a lesão na criança não poderia ter sido causada durante a higiene como alegou a defesa dos acusados
Durante julgamento pela morte da menina Sophia de Jesus Ocampo, o médico legista Fabrício Sampaio Moraes prestou depoimento como testemunha da acusação nesta quarta-feira (4). Ele confirmou que a criança apresentava uma ruptura himenal, evidência de abuso sexual, e também morte causada por trauma (agressão).
Segundo o especialista, a lesão no hímen da criança não poderia ter sido causada durante a higiene, como sugerido pela defesa. Ele também apontou que a manipulação genital recente ocorreu cerca de dois dias antes da morte.
Além do abuso sexual, o médico afirmou que a causa do óbito foi uma lesão raquimedular na coluna cervical, provocada por um forte trauma. Em seu depoimento, Fabrício explicou que, embora o tempo desde a morte dificulte a identificação de algumas lesões externas, ele conseguiu observar hematomas na região dos joelhos da criança, reforçando o histórico de agressões físicas.
O médico também confirmou que a criança já chegou à UPA sem vida
Áudio revela orientação do padrasto
Durante a audiência, foi reproduzido um áudio em que Christian Camposano, padrasto de Sophia, orientava Stephanie de Jesus da Silva, mãe da menina, a pressionar o rosto da criança para interromper seu choro, argumentando que, ao perder o fôlego, Sophia pararia de chorar. O conteúdo foi usado pela acusação para reforçar a crueldade e violência sofrida pela menina.
Detalhes do julgamento
A promotora Lívia, representante do Ministério Público, destacou que Christian praticou abusos contra Sophia em múltiplas ocasiões, corroborados pelas análises médicas e pela linha do tempo dos eventos. Ela também enfatizou que o homicídio foi qualificado por motivo fútil e perpetrado de forma cruel, causando sofrimento desnecessário à criança.
Sophia foi levada à UPA Coronel Antonino no dia 26 de janeiro de 2023, já sem vida. Exames médicos concluíram que a menina havia morrido horas antes, resultado de agressões severas. Além do trauma fatal na coluna, o corpo apresentava sinais de maus-tratos e violência sexual.
Stephanie e Christian estão sendo julgados por homicídio qualificado, abuso sexual de vulnerável e tortura. A acusação aponta que ambos contribuíram para a morte da menina, seja por ação direta ou omissão.
Cronograma do tribunal do júri
O julgamento, conduzido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, inclui a participação de diversas testemunhas. No período da manhã, são ouvidos dois depoimentos da acusação e cinco da defesa de Stephanie. À tarde, outras cinco testemunhas de defesa, desta vez indicadas por Christian, serão ouvidas.
Na quinta-feira, dia 5, as partes apresentarão suas alegações finais, seguidas da votação do júri popular. A sentença deve ser anunciada até o fim do dia, determinando o destino dos réus.
Até o momento, Christian Camposano encontra-se preso no Instituto Penal de Campo Grande, enquanto Stephanie de Jesus da Silva permanece detida no estabelecimento penal de São Gabriel do Oeste. Ambos respondem pelas acusações em regime fechado, aguardando o veredito do júri.