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Retrospectiva: fogo, fumaça e pior seca em 70 anos marcam Pantanal de MS em 2024
Estado ardeu por meses, declarou emergência e precisou da ajuda da União e outros estados no combate ao fogo
Com incêndios recordes, muita fumaça, seca extrema e uma crise hídrica sem precedentes, o Pantanal Sul-mato-grossense viveu em 2024 um dos anos mais desafiadores em décadas. Neste ano, o bioma enfrentou a pior seca dos últimos 70 anos, superando a estiagem de 2020, ano em que incêndios devastaram mais de 30% da região.
Segundo levantamento realizado pelo MapBiomas, a precipitação acumulada entre janeiro e maio deste ano foi de apenas 576 mm na Bacia do Alto Paraguai, 24% abaixo da média histórica de 760 mm. Essa foi a menor marca desde 2020 e contribuiu para o retorno de condições de seca extrema, relatou o estudo.
Os dados também mostram que, em abril, não houve o esperado pico de cheia. A superfície de água no Pantanal foi reduzida em 34% em relação a 2023, prenunciando as queimadas que se veriam com a chegada do inverno.
Em 2023, o Pantanal já registrava apenas 381 mil hectares de superfície de água, uma redução de 61% em relação à média histórica e de 50% em relação a 2018, o último ano de grande cheia.
Área queimada quadruplicou em 2024
Entre janeiro e agosto de 2024, a área queimada no Pantanal foi quase quatro vezes maior do que a média dos últimos cinco anos. No primeiro semestre, foram destruídos 468.547 hectares, um aumento de 529% em relação à média desde 2019. Comparado ao mesmo período de 2023, o aumento foi de 4.240%.
O mês de junho registrou a maior área queimada no primeiro semestre desde o início do monitoramento em 2019, com 370 mil hectares destruídos. Corumbá foi o epicentro das queimadas, concentrando 81% da devastação em Mato Grosso do Sul.
De janeiro a outubro, 14.292 focos de incêndio foram detectados no bioma, 639% a mais do que no mesmo período de 2023 e 76% acima da média de cinco anos (2019-2023). Além disso, a seca e os incêndios intensos afetaram severamente os animais silvestres e a população do estado.
A fumaça das queimadas se tornou uma realidade comum por vários dias seguidos nas cidades do estado, reduzindo drasticamente a qualidade do ar.
Operação Pantanal
Para combater os incêndios, o Governo do Estado instaurou a Operação Pantanal 2024, que completou 245 dias em 30 de novembro. A megaoperação mobilizou 2.184 profissionais, incluindo bombeiros, militares e agentes ambientais, com apoio de estados como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Foram realizadas 842 ações de combate e 600 ações preventivas, visando mitigar os incêndios florestais intensificados por altas temperaturas e ventos fortes. Para isso, o Corpo de Bombeiros contou com suporte logístico de quatro aeronaves, 11 caminhões de combate a incêndio, 25 caminhonetes equipadas, e helicópteros das Forças Armadas e da Força Nacional.
Recentes chuvas ajudaram a controlar os focos ativos, mas especialistas alertam que a crise hídrica persiste. Segundo Jaime Verruck, secretário da Semadesc, a situação do Rio Paraguai e outros cursos de água permanece crítica, com níveis extremamente baixos.
Diante da gravidade enfrentada, o governo do Estado já planeja ações preventivas para 2025. "Já estamos pensando no ano que vem para que Estado, União e municípios possam ter um programa de prevenção. Assim ficamos cada vez mais preparados para as situações que possam ocorrer, seja de seca, seja de cheia", afirmou o governador Eduardo Riedel.