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Rapper de 9 anos, MC Gatinha canta inclusão em rimas: "Observo a vida" (vídeo)

Moradora da zona norte, Wendy Queiroz é fluente em libras e também é atriz. Ela integra o elenco de Os Quatro da Candelária, da Netflix

03/11/2024 às 15:54 | Atualizado 03/11/2024 às 15:42 Metrópoles, parceiro do TopMídiaNews
@mcgatinharap/Instagram/Reprodução

Aos 9 anos, Wendy Queiroz gosta de estudar, desenhar, assistir a desenhos — principalmente doramas (drama japonês) — e devorar livros. Moradora da Parada Inglesa, na zona norte de São Paulo, ela tem um talento não muito comum para tão pouca idade: é expert em fazer rimas. A habilidade a transformou na MC Gatinha.

“Quando estou rimando ou fazendo batalhas, me sinto positiva”, garante a pequena rapper, em entrevista ao Metrópoles. Nas letras musicais, a paulista fala sobre educação e inclusão, com direito a canções em libras. Como atriz, ela integra o elenco de Os Quatro da Candelária, da Netflix, que estreou nesta semana.

MC Gatinha: rapper aos 9 anos
Tudo começou quando Wendy tinha apenas 4 anos, cantarolando a música Eu Sei de Cor, de Marília Mendonça. A mãe, Jaine Queiroz, 27, notou desde cedo que a filha tinha dom para cantar. “Parecia um passarinho. Com 1 ano de idade, ela já tinha uma fonética perfeita.”

A paulista cresce em uma família ligada à arte cênica, de malabaristas. Por incentivo dos pais, conheceu o rap. “É como se estivesse conversando com alguém, mas cantando. As palavras têm que terminar com os mesmos sons e letras. E canto tudo bem rapidinho, mas para mim é fácil”, explica a especialista mirim.

Para Jaine, que atualmente trabalha como babá, o rap é um estilo de vida. “É uma vivência, [são] sonhos, principalmente para a gente que veio de comunidade. Acreditar que com a educação a gente pode mudar de vida, ter um futuro diferente e abençoado”, acrescenta. “O rap dela [MC Gatinha] fala sobre educação, sobre a criança sair um pouco do celular e viver.”

A junção da influência familiar com a habilidade nata resultou em uma carreira precoce. Aos 5 anos, ela já se definia como rapper. “Descobri que sabia rimar vendo o meu pai fazendo. Eu testei e gostei”, relembra Wendy.

Atualmente, MC Gatinha usa o rap para abordar assuntos do cotidiano. “Você pode falar sobre o momento ou fazer rimas de conhecimento, por exemplo: o coronavírus, a Turma da Mônica, o YouTube”, explica. Nas batalhas, a “técnica para ganhar” é rimar sem falar “coisas feias”, como incitações a agressões. “Sempre com respeito”, garante.

“Observo a minha vida e escrevo”
Motivada e acompanhada pela mãe, Jaine, a pequena Wendy tem uma carreira “de gente grande”. Já fez shows em Itajaí e Florianópolis, em Santa Catarina; Ilhabela e São Sebastião, no litoral norte de São Paulo; e no Rio de Janeiro.

Durante a semana, a rotina da rapper mirim se divide entre a escola, no Tucuruvi, o trabalho da mãe e a própria casa. Além de participar de batalhas de rimas, ela escreve músicas autorais, com inspiração no próprio cotidiano. “Minhas músicas falam sobre um monte de coisas: sobre educação, sobre mim mesma. Observo a minha vida e escrevo, tenho um caderno de músicas”, detalha.

Uma das principais bandeiras levantadas pela MC Gatinha é a da diversidade. O interesse por temáticas sociais surgiu quando conheceu uma pessoa com surdez e refletiu sobre como seria se houvesse uma criança surda na mesma escola que a dela.

“Ninguém conseguiria se comunicar [na situação hipotética]. Comecei a pesquisar no YouTube ‘comidas em libras’, ‘saudações em libras’, ‘alfabeto em libras’, várias coisas. Nas minhas músicas, eu falo sobre inclusão”, orgulha-se.

A compositora já produziu duas músicas em libras. Uma das letras reivindica: “Tô de saco cheio de não ver inclusão no recreio.”

Atriz em série da Netflix

Recentemente, Wendy Queiroz estreou nas telas. “Por causa do rap, eu consegui ser atriz. Fiz um show no [hotel] Copacabana Palace, uma moça me viu. Ela gostou muito de mim e me convidou para fazer um teste”, revela.

MC Gatinha ainda não sabia, mas a audição era para a série Os Quatro da Candelária, da Netflix. Durante as gravações, ela e a mãe se mudaram temporariamente para o Rio de Janeiro.

Na trama, Wendy dá vida à personagem Pipoca. “Não temos muito em comum, somos diferentes, mas amei muito. Fiquei sete meses gravando”, conta. Para ela, a vida de atriz é um desafio satisfatório. “Eu adoro, mas atuar é mais difícil do que cantar. Atuar, às vezes, tem que refazer, regravar uma cena, mas cantar é ‘de boa’.”

No futuro, a paulista se vê como rapper, atriz e influenciadora digital. “Eu me imagino famosa. Um monte de gente me conhecendo e me achando legal”, reconhece. No Instagram, monitorado por Jaine, MC Gatinha já tem cerca de 5 mil seguidores.

Os Quatro da Candelária

Dividida em quatro episódios, a minissérie ficcional Os Quatro da Candelária acompanha as 36 horas que antecederam a tragédia conhecida como “Chacina da Candelária”, em 23 de julho de 1993. Sob produção da Jabuti Filmes e Kromaki, assim como direção de Luis Lomenha e Márcia Faria, a trama estreou na quarta-feira (30/10).

A história é contada pelo ponto de vista de quatro crianças. Com toques de esperança e dureza, os protagonistas lutam para sobreviver nas ruas do Rio de Janeiro. Além de Wendy Queiroz como Pipoca, o elenco reúne Douglas (Samuel Silva), Sete (Patrick Congo) e Jesus (Andrei Marques).

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