há 2 meses
Na luta contra câncer de mama, Lidiane encontrou forças junto a outras pacientes
Para Lidiane, estar entre mulheres que vivem a mesma batalha ajuda a enfrentar os dias mais difíceis
Lidiane Aparecida da Silva nunca imaginou que enfrentaria uma batalha tão desafiadora. Diagnosticada com câncer de mama no início de 2022, ela viu seu mundo virar de cabeça para baixo.
Formada em pedagogia. Lidiane conta que o choque inicial veio acompanhado de muito medo e incertezas, mas, com o tempo, ela encontrou força onde menos esperava: em outras mulheres que travavam a mesma luta.
“Quando descobri a doença, senti muito medo, mas fui conhecendo as histórias de outras mulheres e me inspirei na força delas. Hoje, estou há três anos apenas com bloqueio hormonal e sem metástase”, revela Lidiane.
Chegar neste resultado, no entanto, não foi fácil. Lidiane passou por quimioterapia, 19 sessões de radioterapia e cirurgia, com retirada de 18 linfonodos da mama. Apesar da pior fase ter passado, ela ainda precisa tomar um comprimido diário de bloqueio hormonal, conhecido como quimioterapia oral.
Além disso, Lidiane também toma uma injeção trimestral também para bloqueio hormonal e, anualmente, precisa passar por diversos exames para verificar a estabilidade da doença. Este tratamento, deve ser realizado por cerca de cinco anos, até a remissão da doença.
Apesar dos medicamentos terem reações mais leves ao corpo do que a tradicional quimioterapia, Lidiane conta, que ainda sofre com dores e reações devido ao tratamento.
"Essas medicações que eu tomo, elas dão uma reação no corpo que é uma perda óssea. Eu estou com uma perda óssea progressiva, já entrando na osteoporose e fibromialgia. Algumas dessas medicações também causam insônia", conta.
Apesar disso, ela faz questão de dizer que leva uma vida normal. "Eu tenho uma filha de 9 anos, eu busco, levo na escola, pratico esporte, eu danço zumba pela prefeitura, eu faço funcional e assim vou tentando levar a vida mais perto do normal possível. Só não estou trabalhando devido às dores".
Para chegar nesta etapa do tratamento, um grupo de apoio foi fundamental para ajudar no equilíbrio emocional. Pouco após a descoberta da doença. Lidiane conta que conheceu Vera Lu, outra paciente em tratamento, que fundou o grupo "As Vencedoras".
O coletivo, hoje formado por 70 mulheres, oferece acolhimento, troca de experiências e ações de solidariedade e conscientização. Para Lidiane, que se juntou ao grupo logo após o diagnóstico, o apoio emocional que encontrou ali foi essencial para enfrentar os dias mais difíceis.
Em "As Vencedoras", ela encontrou não só acolhimento, mas também esperança e uma nova forma de olhar para a própria batalha. A força das outras mulheres e o suporte das iniciativas do grupo deram a Lidiane não só um motivo para seguir em frente, mas também um propósito: ajudar outras pacientes a não se sentirem sozinhas. "Ajudamos como podemos", explica ela.
"As Vencedoras" realizam diversas atividades, como doação de cestas básicas, transporte para o hospital e encontros mensais com conversas, oficinas e atividades que ajudam a aliviar os efeitos físicos e emocionais do tratamento. "O tratamento não termina quando acaba. Muitas de nós ainda temos dores e sequelas, por isso, esses encontros são importantes", explica Lidiane.
Além do apoio entre elas, o grupo também leva a conscientização sobre a doença para a comunidade. Durante o Outubro Rosa, organizaram uma blitz educativa em Campo Grande, distribuindo mimos e materiais informativos sobre a importância do diagnóstico precoce. "É nosso jeito de levar esperança e incentivar o cuidado com a saúde", afirma Lidiane.
Para Lidiane, estar entre mulheres que vivem a mesma batalha é essencial. "Costumo dizer que somos uma constelação. Precisamos umas das outras para iluminar. Um pouco de nós se torna muito", conclui.