Campo Grande

há 4 horas

Sem pagar funcionários por dificuldades financeiras, Santa Casa reagenda cirurgias e consultas

Enfermeiros denunciam atrasos no retroativo de agosto; Governo de MS assinou convênio para socorrer hospital

27/09/2024 às 19:00 | Atualizado 27/09/2024 às 14:54 Felipe Dias
Segundo o hospital, os atrasos nos pagamentos são resultados de dificuldades financeiras - André de Abreu

A Santa Casa de Campo Grande enfrenta, mais uma vez, problemas financeiros por falta de recursos. Alegando dificuldades financeiras, equipes médicas, enfermeiros, técnicos e auxiliares estão com salários atrasados, o que obrigou a instituição a reagendar cirurgias eletivas e consultas laboratoriais.

Segundo o hospital, os atrasos nos pagamentos são resultados de dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição, que já estão sendo tratadas junto às autoridades competentes. No entanto, o hospital ressaltou que os atendimentos de urgência e emergência, especialmente aqueles com risco de vida, continuam sendo realizados normalmente. 

"A Santa Casa está empenhada em resolver esta situação o mais rapidamente possível para retomar a normalidade dos serviços. Agradecemos a compreensão de todos e reafirmamos nosso compromisso com a saúde e o bem-estar da população", declarou a instituição em nota.

Enfermeiros denunciam atrasos no retroativo de agosto

Nesta terça-feira (24), o TopMídiaNews noticiou a situação de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem da Santa Casa, que estão enfrentando atrasos no pagamento dos salários retroativos, mesmo após a Prefeitura ter realizado o repasse dos valores ao hospital. Eles denunciam que valor de agosto não foi repassado aos profissionais.

Segundo os profissionais, a prefeitura repassou o valor, no entanto, o dinheiro não foi repassado aos enfermeiros e técnicos de enfermagem, mesmo com lei exigindo que repasse ocorra em até dois dias.

No dia 11 de setembro, por meio de edição extra do Diário Oficial, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou o repasse de R$ 1.908.123,33, valor referente ao piso de agosto dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem da Santa Casa. Além da Santa Casa, outras 10 instituições de saúde receberam o repasse.

No entanto, conforme os funcionários da Santa Casa, os colegas que trabalham nas outras instituições já receberam. Eles denunciam falta de transparência e atraso rotineiro nos pagamentos. Segundo eles, a Santa Casa tem costume de deixar dinheiro na conta para acumular juros.

"Eu como uma profissional da saúde me sinto enganada e desvalorizada, pois a prefeitura publica, afirmando que pagou o retroativo e o hospital nega ter recebido. Eu penso que jamais a prefeitura iria publicar no Diário Oficial e não iria repassar o dinheiro", conta uma enfermeira.

Governo de MS assina convênio para socorrer hospital

Vale ressaltar que na terça-feira, o governador Eduardo Riedel esteve na instituição para assinar um convênio de apoio financeiro no valor de R$ 15 milhões. Segundo Riedel, a decisão foi tomada após a Santa Casa mostrar a necessidade destes recursos.

"Uma decisão técnica e extremamente importante. A Santa Casa mostrou a necessidade destes recursos. O Governo do Estado tem olhado com muita atenção para estrutura de saúde dos municípios e entendeu que era o momento de socorrer o hospital, que tem serviço prestado para população do Mato Grosso do Sul", afirmou o governador.

O repasse será feito em três parcelas de R$ 5 milhões. A presidente da Santa Casa, Air Terra Lima, ressaltou que esta contribuição do Governo do Estado é essencial ao hospital.

"O valor mais importante é o cuidado com as pessoas. Temos uma gestão estadual que é o responsável pela saúde em grau menor, mas que comparece de uma forma rápida, pensando no bem-estar da população. Mostra que é um governo municipalista".

Ela também reconheceu que o hospital tem dificuldades financeiras e que a superlotação faz com que o hospital tenha que contratar mais profissionais para que as pessoas não tenham desassistência, o que agrava ainda mais a situação. "Este recurso do Estado será usado para manutenção do hospital, apesar da gestão plena da saúde é do município de Campo Grande", finalizou.

O Governo do Estado já repassou neste ano R$ 83 milhões para o hospital, sendo R$ 9.047.314,70 mensais referente ao repasse financeiro para custeio e manutenção de leitos UTI Neo, assim como R$ 2 milhões em convênios e R$ 200 mil advindos de emendas parlamentares estaduais.

A Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande é uma instituição privada, a mais antiga da área da saúde na Capital, e que atende também pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).