há 3 meses
Nascido sem braços, Fernando faz tudo com os pés, inclusive dirigir
Com encurtamento dos braços, Fernando não se limitou devido à deficiência e dirige há 9 anos
Fernando de Sousa Machado, de 44 anos, natural de Campo Grande, enfrenta desafios desde o nascimento. Com encurtamento dos braços, causado pelo medicamento Talidomida, consumido pela mãe durante a gestação, Fernando não se limitou devido à deficiência e faz tudo com os pés, inclusive dirigir.
Atualmente secretário de tesouraria da Federação da Pessoa com Deficiência do Mato Grosso do Sul, Fernando já exerceu diversas atividades, dentre elas assistente administrativo e turismólogo. A falta de mão nunca o limitou a realizar nada.
Ele faz quase tudo com os pés, desde escrever e usar o celular até tarefas que parecem inimagináveis, como dirigir. Fernando adaptou um carro para dirigir com os pés, com o volante posicionado no pedal, ao lado do freio e do acelerador.
Porém, a maior dificuldade enfrentada por Fernando não foi a adaptação ao volante, mas sim a burocracia no processo de obtenção da habilitação. Ele iniciou o processo em 2010 e, após enfrentar inúmeros obstáculos, só conseguiu a CNH três anos depois, em 2013.
O caminho foi longo e árduo. "Eu precisei realizar o processo duas vezes e, em diversas ocasiões, pensei em desistir", conta.
Uma das maiores barreiras foi a necessidade de passar pela Junta Médica, uma etapa obrigatória para pessoas com deficiência, mas que não é exigida de motoristas sem deficiência. Durante o exame com a Junta, Fernando enfrentou uma negativa inicial, que quase o impediu de prosseguir.
No entanto, um médico que reconheceu sua determinação levou o caso adiante e conseguiu reunir os colegas para uma nova avaliação. Foi assim que Fernando foi finalmente considerado apto para as aulas e o exame prático.
Os desafios financeiros também foram um grande obstáculo. Fernando já sonhava em dirigir há algum tempo, mas a falta de recursos impediu o início do processo. Para começar as aulas práticas, era necessário ter um carro adaptado, um investimento considerável.
As adaptações no veículo somaram R$ 51 mil na época, incluindo a compra de um Gol automático e as adequações necessárias. O primeiro contato de Fernando com o carro adaptado foi no Detran, três meses após o processo começar a andar.
Hoje, Fernando reflete sobre o processo como algo "cruel", mas acredita que a persistência foi fundamental para alcançar o sonho de dirigir. Para ele, tudo valeu a pena, agora, há 9 anos, ele dirige o próprio destino, com os pés no chão.