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12/08/2024 08:22

Avião que caiu ficou 4 meses em manutenção após 'dano estrutural'

O avião ATR-72-500 da Voepass passou muito tempo em manutenção após dano estrutural em uma aterrizagem em março deste ano

12/08/2024 às 08:22 | Atualizado 12/08/2024 às 08:06 Metrópoles, parceiro do TopMídiaNews
O avião ATR-72-500 da Voepass passou muito tempo em manutenção após dano estrutural em uma aterrizagem em março deste ano - Reprodução

Um problema hidráulico e um “contato anormal” com a pista deixaram o avião da VoePass que caiu em Vinhedo, na última sexta-feira (9/8), em manutenção por quatro meses. Mas existiam outras condições no ATR-72-500, segundo ex-funcionários.

Eles foram ouvidos pelo programa Fantástico, da TV Globo, que fez um cruzamento de dados oficiais e depoimentos de especialistas e ex-funcionários.

No dia 11 de março deste ano, um relatório oficial diz que, na viagem entre Recife e Salvador, o ATR teve um “contato anormal” com a pista ao pousar. A cauda bateu no chão e provocou um “dano estrutural”.

O comandante Ruy Guardiola, pioneiro na utilização do ATR no país, afirmou que um problema hidráulico causaria isso e é um fato altamente significativo.

“Teve dano estrutural. Que tipo de correção foi efetuada pelo grupo VoePass na sua manutenção, para disponibilizar a aeronave a voo?”, questionou o especialista.

Despressurização no avião

O avião ficou em Salvador até 28 de março até seguir para a oficina da VoePass em Ribeirão Preto (SP). Somente em 9 de julho voltou a ser utilizado, e na viagem entre Ribeirão e Guarulhos, houve uma despressurização no voo. Assim, voltou para reparos.

No dia 13 de julho, a aeronave voltou a ser usado de forma comercial. “Pode ser um fator contribuinte? Pode. Porque não é possível uma aeronave que tem um dano estrutural ser liberada para voo. Isso a investigação agora vai verificar. Tem que verificar”, argumenta Guardiola.

Nesse meio tempo, também houve indicação de problemas no ar-condicionado, segundo reportagem do Fantástico.

A manutenção, aliás, é uma preocupação de Guardiola, que voou 15 mil horas em ATR e chegou a trabalhar por um mês na Passaredo, em 2019. Ele lembra que houve um problema exatamente no botão que aciona o sistema antigelo.

“O problema foi detectado no nível de aquecimento de um dos sistemas. A solução encontrada pela manutenção foi a colocação de um palito de fósforo, ou sei lá, um palito de dente. Eu vi com esses olhos que a terra há de comer”, garante.

Hipótese de gelo nas asas

A hipótese do gelo nas asas surgiu entre pilotos e especialistas em entrevistas dadas desde a sexta-feira, principalmente por causa de boletins meteorológicos divulgados naquele dia. Mas também por um acontecimento há 30 anos, com um ATR nos Estados Unidos.

Um voo entre Indianápolis e Chicago caiu, de forma muito parecida com o caso brasileiro, e chegou-se à conclusão de que teria sido gelo. O sistema usado pelo ATR, que infla uma borracha na ponta da asa e expulsa a água congelada, não funcionou.

Oficialmente, as investigações mal começaram. Técnicos do Cenipa, da própria empresa e até especialistas estrangeiros vão analisar todos os dados para chegar a uma conclusão.

Em resposta ao Fantástico, a VoePass Linhas Aéreas respondeu que informações relacionadas à investigação serão restritas à Aeronáutica e outras autoridades. Mas não falou sobre a questão no palito improvisado no botão que acionava o sistema antigelo.

Aliás, sobre esse sistema e os problemas com o ar-condicionado, a empresa apontou que o ATR estava “aeronavegável”. E o avião cumpria as exigências das autoridades.

Por fim, garantiu que respeita as legislações trabalhistas. E que, agora todos na VoePass se esforçam para dar apoio às famílias das vítimas.