31/07/2024 16:23
Operação contra desvio de dinheiro público descobre "rombo" de R$ 8 milhões da Apae
Ex-coordenador, Paulo Henrique Muleta é suspeito de desviar valores para empresas fictícias criadas por ele mesmo
A Operação Oscurità deflagrada na manhã desta quarta-feira (31), pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), cumpriu 6 mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Camapuã e colocou o ex-coordenador da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), na mira por desvio de dinheiro público.
A investigação conduzida pela Promotoria de Justiça, com o apoio do GECOC, foi iniciada diante da descoberta de um esquema criado para desvio do dinheiro público repassado pelo Estado de Mato Grosso do Sul à Apae de Campo Grande, em razão de convênios firmados para o atendimento de pacientes ostomizados – pessoas que precisaram passar por uma intervenção cirúrgica para fazer no corpo uma abertura ou caminho alternativo de comunicação com o meio exterior (estoma), para a saída de fezes ou urina, assim como auxiliar na respiração ou na alimentação.
Em resumo, foi apurado que desde o ano de 2021, o ex-coordenador do Centro Especializado em Reabilitação da APAE direcionava as compras realizadas pela entidade, com dinheiro público, para empresas fictícias criadas por ele mesmo, em nome de terceira pessoa, meio pelo qual desviou em seu benefício particular um total apurado de R$ 8.066.745,25 (oito milhões, sessenta e seis mil, setecentos e quarenta e cinco reais e vinte e cinco centavos).
A investigação contou com a colaboração da associação. Segundo também levantou a associação, após o afastamento do investigado, foi registrada uma substancial redução nos custos das compras de produtos antes realizadas pelo ex-coordenador.
Este ex-coordenador também foi denunciado pelo crime de corrupção passiva, cuja denúncia foi recebida pelo Poder Judiciário em 28 de junho de 2024. O termo Oscurità, do italiano, significa obscuridade, adotado diante da pretensão do investigado de obter cidadania italiana e mudar-se, pedido formalizado após os desvios milionários que vitimaram o Estado e a APAE de Campo Grande.
Em nota, a associação reitera que tem plena disposição para colaborar com todas as autoridades e entidades envolvidas na investigação, conforme tem feito desde o início.
"Estamos profundamente comprometidos em assegurar que os valores e a missão da nossa instituição sejam preservados, e continuaremos a trabalhar para garantir que todos os nossos serviços sejam prestados com a máxima integridade e dedicação", diz a nota.