Dourados

há 4 meses

Mulher agiu sozinha e premeditou execução de oficial de justiça, afirma polícia

Delegado responsável pela investigação revelou detalhes sobre o assassinato de Gesualdo em Dourados

24/07/2024 às 12:02 | Atualizado 24/07/2024 às 11:51 Felipe Dias
Delegado revelou detalhes sobre o caso - Divulgação/Dourados News

Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (24), o delegado Erasmo Cubas, responsável pelo SIG (Setor de Investigação Geral), revelou detalhes sobre o caso do oficial de justiça aposentado Gesualdo Xavier de Oliveira, 67 anos, encontrado morto e carbonizado às margens da BR-163, entre Dourados e Douradina.

Cubas explicou que Leticia Vieira Pires, 27 anos, acusada pela morte de Gesualdo, agiu sozinha na execução do crime. Ele afirma que as investigações começaram a apontar para Leticia quando a família de Gesualdo registrou o desaparecimento.

A família mencionou que ele estava envolvido em transações comerciais com ela, especialmente relacionadas à venda de carros e imóveis. Além disso, Leticia foi a última pessoa a ser vista com a vítima, segundo o site Dourados News.

Detida na manhã de terça-feira (23) para prestar depoimento, a suspeita inicialmente afirmou que mantinha um relacionamento extraconjugal com Gesualdo e que, após uma discussão, perdeu o contato com ele.

Entretanto, a polícia não encontrou nenhuma evidência nas mensagens de celular que confirmasse tal relação amorosa. Cubas destacou ainda que outro ponto de atenção foram os hematomas no corpo de Leticia.

Com o apoio da PRF, a polícia obteve imagens que mostravam o veículo de Gesualdo saindo de Dourados na segunda-feira e retornando à noite por um trajeto incomum, o que levantou ainda mais suspeitas.

Na tarde de terça-feira, a CCR MSVia, concessionária responsável pela rodovia federal, informou sobre um corpo carbonizado encontrado na BR-163, posteriormente identificado como de Gesualdo.

Durante as buscas na conveniência e na casa de Leticia, a polícia encontrou uma mochila contendo roupas dela, manchadas de sangue, um celular da vítima, uma corrente de ouro e uma carteira com vários cartões de crédito.

Na ação, a polícia também encontrou o carro de Gesualdo, em um estacionamento na região central da cidade. Confrontada com as evidências, ela confessou o crime, alegando que não foi premeditado e que agiu no “calor da emoção” durante uma briga.

No entanto, o delegado Cubas afirmou que as investigações indicam claramente uma ação premeditada. "Para a polícia, não há dúvidas de que ela planejou o crime e agiu sozinha na execução, atacando Gesualdo com uma faca, retirando o corpo do carro e incendiando-o".

"Ela deixou muitas evidências que revelaram toda a dinâmica do crime. Ela criou essa situação de compra de apartamento em Campo Grande e se preparou para tirar a vida dele", explicou Cubas.

Leticia teria atraído Gesualdo até Campo Grande sob o pretexto de vender um apartamento. Ela já estava de posse de R$ 84 mil, transferidos via Pix por uma garagem de veículos pela venda de uma caminhonete pertencente à vítima.

A polícia afirma que a motivação do crime foi financeira, e segue as investigações para saber se foi por pressão para quitar dívidas que ela tinha com ele ou para se apropriar do dinheiro da venda do veículo.

“Apesar de Leticia ter ficado com a corrente de ouro e os cartões de crédito, ainda não é suficiente para caracterizar latrocínio. Porém, se ficar comprovado que ela matou para ficar com o dinheiro que estava em sua conta, ela será indiciada por esse crime”, afirmou Erasmo Cubas.

Leticia permanece detida e deve passar por audiência de custódia ainda nesta quarta-feira para a Justiça decidir pela liberdade provisória ou prisão preventiva da suspeita. As investigações continuam em andamento para esclarecer todos os detalhes do crime.