17/07/2024 19:00
Prefeito advoga para funerária investigada pela PF e MPE em Ponta Porã
Empresa foi parte de um dos maiores escândalos da política sul-mato-grossense
Escritório de advocacia do prefeito Eduardo Campos ainda defende a funerária Uemura, empresa alvo de processos e investigada tanto pela Polícia Federal quanto pelo Ministério Público em Ponta Porã.
Foi a ''empresa Uemura'' que esteve envolvida em um dos maiores escândalos da política sul-mato-grossense, apurada no âmbito da Operação Uragano.
A Uemura, representada por Eduardo Uemura, 42 anos, sofreu uma ação civil pública em razão de operar cemitério sem licenciamento ambiental em Ponta Porã. A secretaria de Meio Ambiente local informou que nem o órgão municipal ou estadual licenciaram a funerária.
Na ação, o MPE pediu que a empresa ressarcisse os danos ambientais causados pela funerária. A empresa teria sido até proibida de fazer enterros no local, mas teria desobedecido a ordem. Foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta entre as partes, em 2019. Ou seja, indiretamente a empresa reconheceu os crimes.
E-mail, datado de maio deste ano, mostra resposta do escritório de advocacia do prefeito ao MPE, relacionada ao processo 080082-50.2014.8.12.0019. Isso mostra a relação entre o escritório do prefeito e a empresa local, cheia de problemas.
E-mail mostra atuação de escritório em ação dos Uemura (Foto:Repórter Top)
Facilidades
A facilidade com que a Uemura tinha para operar na cidade não surgiu à toa, diz investigação da PF. Em 2007, a prefeitura de Ponta Porã teria adiado uma licitação, supostamente a pedido dos Uemura e publicado em Diário Oficial.
O detalhe explosivo da história é que o cancelamento da licitação se deu após negociações com o então vice-prefeito e secretário de Governo, Eduardo Campos e a esposa, Paula Consalter, à época secretária de Assuntos Jurídicos do Município. Tudo para, supostamente, atender o interesse da família oriental, que explora os serviços em várias cidades de MS.
Gravações feitas pela polícia teriam comprovado a articulação criminosa. Em 2009, a Folha de Dourados noticiou que Eduardo Campos e a esposa Paula e um empresário foram presos no âmbito da Operação ''Owari'', que significa ''fim'' no idioma japonês.
Ainda segundo apurado pelo TopMídiaNews, em meio aos reveses jurídicos na fronteira, o escritório de advocacia do então vice-prefeito decidiu prestar serviços em Campo Grande, conforme divulgado pelos próprios donos.
Mais problemas
Os problemas relacionados à gestão de Eduardo ganharam um novo capítulo recentemente: o Procurador do Município, Rodrigo de Oliveira Ferreira, estaria advogando em causa própria, ferindo o regulamento de dedicação exclusiva obrigatório para o cargo.
O prefeito Eduardo foi notificado pelo MPE, em 5 de julho deste ano, a fazer esclarecimentos sobre a suspeita. Caberá ao gestor municipal punir ou não o subordinado.
O espaço está aberto às pessoas citadas.