há 5 meses
Soraya desafia atriz que encenou aborto a atuar como vítima de estupro
Ela é contra o aborto, mas critica PL que pune mulheres que interrompem a gravidez após 22 semanas de gestação mesmo em casos de estupro
A senadora Soraya Thronicke (Podemos) criticou uma contadora de histórias que encenou suposto sofrimento de um bebê durante um aborto, em sessão na segunda-feira (17), no Senado Federal. Eleita por conservadores, a parlamentar é contra o aborto, mas discorda do PL 1.904/24, que tramita na Câmara.
Soraya destaca que a legislação já proíbe o aborto, que só é autorizado quando a gestação põe a vida da mãe em risco, em casos de estupro e anencefalia.
''O texto apresentado pela Câmara criminaliza a interrupção da gravidez após 22 semanas, inclusive nos casos citados acima, onde as adultas e crianças em questão estão passando por uma condição de sofrimento e total vulnerabilidade'', refletiu a parlamentar.
Em outro trecho ela diz: ''Não sou a favor do aborto, mas não podemos permitir que mulheres e meninas paguem 20 anos de prisão por escolherem não carregar um filho oriundo de estupro''.
Encenação
Soraya criticou a atriz Nyedja Cristina Gennari Lima Rodrigues, 50 anos, que na segunda-feira fez uma esquete no plenário do Senado, onde representou um bebê na barriga da mãe.
Segundo o Metrópoles, durante a encenação, na condição de ''bebê'', ela diz: “Será que é isso mesmo? Será que vão antecipar o meu parto? A ameaça persistia”. Instantes depois, ela sobe o tom: ''Não! Não acredito! Essa injeção, essa agulha, não!''.
A apresentação mostrou suposta aflição de um bebê – com mais de 22 semanas de gestação. Ao citar ''agulha'', a atriz se referiu a assistolia fetal, injeção aplicada para interromper os batimentos cardíacos de um feto maior antes da retirada.
''Eu queria até o telefone, o contato, daquela senhora [atriz]'' disse Thronicke. ''Sabe por quê? Porque eu quero ver ela encenando a filha, a neta, a mãe, a avó, a esposa de um parlamentar sendo estuprada... '', desafiou a senadora.
O PL 1904 tramitou até esta terça-feira na Câmara. No entanto, o presidente Arthur Lira (Progressistas) tirou de pauta e determinou medidas como audiências públicas com todos os representantes da sociedade antes de colocar em votação.
A OAB (Ordem de Advogados do Brasil) também se posicionou contra o PL.