Política

04/04/2024 14:30

Empresários reclamavam que servidores eram 'gulosos' por propina em Sidrolândia: 'de novo?'

Esquema de fraudes em licitações envolvem R$ 15 milhões de dinheiro público

04/04/2024 às 14:30 | Atualizado 04/04/2024 às 14:08 Thiago de Souza
Ganância de servidores foi alvo de reclamação - Reprodução Circolino TV

Investigação do MPE-MS contra fraudes em licitações da Prefeitura de Sidrolândia mostrou que o esquema era mantido por meio de propinas a servidores públicos locais. Houve até reclamação de empresários pela ganância financeira de outros envolvidos. 

Conforme a terceira fase da Operação ‘’Tromper’’, deflagrada nesta quarta-feira (3), o grupo criminoso era formado por secretários municipais, empresários e servidores públicos. Cada um tinha uma função definida e a grande liderança era Claudinho Serra, hoje vereador de Campo Grande. 

Um dos diálogos chamou a atenção dos investigadores. O empresário Ricardo Rocamora envia áudio ao comparsa, Ueverton Macedo, conhecido como Ueverton ''Frescura'', onde reclama que o servidor Tiago Basso estava exagerando nos pedidos de propina, diz a interceptação do MPE. 

''Frescura'' era integrante ativo do esquema de fraudes (Foto: reprodução Four News)

''Se acredita que o Tiago pediu treze mil reais pro casamento ontem, e o Marcondes arrumou do banco que ele vai paga de juro... cara, ele pegou  dez [mil] na semana passada e agora treze [mil] véio, não tem fim bicho'', exclamou Ricardo. 

Até o suposto chefe do esquema estaria cobrando excessivamente dinheiro dos desvios. Dois investigados, Ricardo Rocamora e ''Frescura'', cogitaram suspender um pouco os repasses. Na visão do MPE, os dois falaram de Serra que ''não teria fim, ou seja, ele seria voraz em se apropriar ilicitamente de dinheiro público'', diz o relatório. 

O espaço está permanentemente aberto a todos os citados na reportagem ou às defesas dele caso estejam encarcerados.  

Entenda o caso 

A Operação Tromper, deflagrada na manhã desta quarta-feira (3), investiga fraudes em contratos que somam cerca de R$ 15 milhões entre empresas e a prefeitura de Sidrolândia. 

Na terceira fase da investigação, foram cumpridos oito mandados de prisão e 28 de busca e apreensão. A ação é realizada pelo Ministério Público, por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Sidrolândia, do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Segundo o Ministério Público, o Gecoc ratificou "a efetiva existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, bem como o pagamento de propina a agentes públicos municipais".

Também foi identificada nova ramificação da organização criminosa, atuante no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica.
A operação contou com o apoio operacional do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), do Batalhão de Choque e da Força Tática da Polícia Militar, além da assessoria militar do Ministério Público.

"Tromper", verbo que dá nome à operação, traduz-se da língua francesa como 'enganar'.