15/08/2023 15:00
Rose, que votou com Bolsonaro em quase tudo, quer ser candidata de Lula em Campo Grande
Ex-deputada está no cargo de superintendente do Sudeco, graças a articulação com o PT, partido que foi oposição a Bolsonaro por 4 anos
Uma verdadeira surpresa está abalando as estruturas do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul: a possibilidade da ex-deputada federal Rose Modesto ser a candidata da sigla na campanha pela Prefeitura de Campo Grande me 2024. A informação causou revolta dos militantes, já que, enquanto parlamentar, Rose foi de fidelidade canina ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ala do PT está irritada com o espaço de Rose Modesto, a superintendente da Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), no partido, mesmo sequer sendo filiada na sigla. Já outros grupos se interessam em lançá-la como pré-candidata a prefeita de Campo Grande, representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
A militância do PT-MS já se movimenta contra a ideia e lembra da atuação política de Rose, ex-deputada federal pelo União, que votou com a base governista do ex-presidente Bolsonaro em várias matérias na Câmara Federal, com exceções para assuntos que prejudicavam a categoria dos professores, profissão de Rose. Ela também se esquivou de propostas polêmicas e não votou em algumas.
Grupos lembram que Rose apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 e votou pautas sob orientação do governo enquanto deputada. Além disso, se posicionou favorável ao voto impresso, uma dos temas usados por Bolsonaro para tentar descredibilizar as urnas eletrônicas durante a vitória de Lula.
Além disso, quando saiu derrotada na disputa para ser governadora do Mato Grosso do Sul, em 2022, Rose apoiou o ex-candidato Capitão Contar (PL) no segundo turno, enquanto que o PT ficou ao lado do governador Eduardo Riedel (PSDB), inclusive com direito a cargos após a posse dele.
Mesmo com esse histórico, ao início do ano, Rose articulou com a “turma” de Lula e logo recebeu cargo, através do União Brasil e com articulação do coordenador da bancada federal, deputado petista Vander Loubet.
Em lugar de grande importância no governo Lula, Rose, inclusive, compareceu na posse do superintendente Tiago Botelho (PT) à Superintendência do Patrimônio, na semana passada, junto com a base do PT.
CONTRA
Após os rumores de que Modesto estaria tentando se aproximar do governo Lula para sair candidata em Campo Grande, lideranças do PT Campo Grande iniciaram uma série de reuniões com as pré-candidatas deputada Camila Jara e Giselle Marques.
Jara participou de reunião a portas fechadas com o diretório e segundo interlocutores, quer um consenso em torno de seu nome.
A pré-candidata, advogada Giselle Marques rechaça totalmente a ideia de o PT apoiar alguém que não seja do partido e declara seu posicionamento.
“Somos o maior partido operário da América Latina, e estamos crescendo. Dentre as cinco maiores legendas, somos a única que apresenta curva ascendente. Acabamos de eleger o presidente do País, e seria ridículo abrir mão de termos candidatura própria para apoiar quem defendeu ‘Capitão lá e Capitão cá’ na eleição para o governo do estado de Mato Grosso do Sul", disse Giselle.
O PT anuncia em 23 de setembro quem será a sua pré-candidata a prefeita.
Votou com o governo Bolsonaro
Só para relembrar alguns dos projetos votados durante o mandato de deputada federal, é necessário destacar Rose foi favorável, ao projeto de lei 4188/21, que favorecia os bancos em empréstimos com possibilidade de penhora de bens de famílias inadimplentes. O projeto de lei 4188/21 teve voto favorável de Rose pela diminuição da taxa de juros e ela foi contra o destaque que permitia que bancos tomem o imóvel das famílias. "Jamais votaria para alguém perder seu único bem", explicou.
Precatórios
Metade da bancada federal de MS votou pela aprovação da parcela restante da PEC dos Precatórios, alterada pelo Senado Federal. Rose Modesto, que era do PSDB na época, não participou da votação, apesar de orientação do partido para voto favorável.
A PEC foi criada pelo presidente Jair Bolsonaro para abrir espaço no teto de gastos e garantir recursos para o programa Auxílio Brasil. O texto abriu um espaço fiscal de mais R$ 43,8 bilhões para a União gastar em 2022, segundo o Ministério da Economia.
Mini reforma política
Rose Modesto também votou a favor da volta das coligações partidárias nas eleições em 2022. A PEC da reforma eleitoral (Proposta de Emenda à Constituição 125/11) teve votos favoráveis tanto da base de Bolsonaro quanto da oposição.
PL da grilagem
O PL 2633/20, o ‘PL da Grilagem’, que aumenta o tamanho de terras da União passível de regularização sem vistoria prévia, também foi aprovado. Porém, Rose não votou.
Voto impresso de Bolsonaro
Na polêmica sobre o voto impresso, Rose Modesto se declarou favorável a discussão levantada pelo ex-presidente Bolsonaro. Ela votou favorável a PEC que propunha o voto impresso, mas o voto contrário foi maioria e a proposta acabou arquivada.
“Defendo que toda discussão para dar mais segurança para a população em qualquer processo, incluindo o eleitoral, é bem-vinda e temos o dever de debater e achar um consenso com a melhor proposta’’, refletiu Rose Modesto em sua rede social naquela época.
Privatização da Eletrobras
Na votação da MP 1031/2021, que se tratava da de viabilizar a privatização da Eletrobras, o voto de Rose Modesto não foi computado no painel, o que significa que não participou da votação do texto-base.
Fundo eleitoral
Rose votou favorável ao fundão em 2021, porém depois voltou atrás e disse em vídeo que era contra, mas que o voto foi necessário por estar atrelado a LDO de 2022 e que a saúde precisava de mais investimentos, no período pós-pandemia.
O que diz Rose Modesto?
Solicitação de posicionamento da superintendente sobre os rumores foram encaminhadas via assessoria. O espaço segue aberto.