FOI ESTUPRADA E MORTA

17/04/2023 17:35

Em audiência, pai lembra que Sophia implorava para não voltar para a mãe: 'ela não'

Mulher e padrasto são acusados de assassinato e abuso sexual da bebê

17/04/2023 às 17:35 | Atualizado 17/04/2023 às 19:07 Thiago de Souza e Vinícius Costa
Audiência ocorre no Fórum da Capital - Vinícius Costa

Audiência de instrução, do caso do estupro e morte da menina Sophia de Jesus Ocampo, aos 2 anos e 7 meses, contou com o depoimento do pai da menina, na tarde desta segunda-feira (17), em Campo Grande. Ele destacou que a filha tinha medo de voltar para a mãe. 

Na sessão, dedicada a depoimentos de testemunhas escolhidas pela acusação, o pai da criança, Jean Carlos Ocampo, relembrou que se separou da mãe de Sophia, Stephanie de Jesus da Silva, 24 anos, e pegava a bebê para ficar uma semana com ela. 

Ocampo observou que, quando avisava Sophia que o passeio acabara e tinha de voltar para a mãe, a pequena implorava para não voltar. 

''Não papai, mamãe não!'', lembrou o pai, sobre a reação da filha. 

Sophia morreu após estupros e agressões. (Foto: redes sociais)

Jean Carlo detalhou que ele sempre fazia as coisas pela filha. Ele disse que, assim que se separou dele, Stephanie iniciou um outro relacionamento e que nunca percebeu nada de errado com a filha. 

No entanto, narra o pai, assim que Stephanie passou a se relacionar com o outro réu no processo, Christian Camposano Leitheim, 25 anos, percebeu vestígios de maus-tratos na filha, quando a bebê tinha nove meses.  

Na virada do ano, Jean notou hematomas na filha e desconfiou de algo. 

''Neném tinha caído do carrinho e deram desculpas. Eu estranhava os hematomas serem um de cada lado, sempre fiquei com um pé atrás com isso'', comentou Ocampo. Ele observou que era difícil ficar com a filha, porque a mãe não deixava e isso dificultava ele fazer o corpo de delito na filha.  

Padrasto e mãe da menina são réus por assassinato. (Foto: Redes sociais)

O pai lembrou aos presentes na audiência, que imaginava que a filha sofria agressões de mãe e padrasto, mas não pensava que fossem tão graves como se constatou. Ele disse desconhecer que a filha havia dado entrada em postos de saúde, por cerca de 30 vezes. 

"Sempre apresentava argumentos e culpava o irmão da Sophia, filho do Christian. Dava a impressão que ela agredia quando eu entregava ela", completou Jean Carlo. 

Jean Carlo contou que acredita que a filha apanhava tanto da mãe quando do padrasto. 

Estupro 

Sobre o estupro sofrido pela filha, o pai relembrou a pequena fazia movimentos de roçar na perna dele e questionou Stephanie sobre essa postura, mas a mãe disse que não sabia. Jean percebeu esse movimento de ''abuso sexual'' por duas vezes e, na ocasião, pediu para a menina parar. 

Outras quatro testemunhas selecionadas pela acusação tinham depoimento programado. Dois deles são o pai e a mãe da ré Stephanie. 

A morte

Sophia de Jesus Ocampo morreu na noite do dia 26 de janeiro, quando foi encaminhada para o UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino. Por lá, médicos e enfermeiros indicaram que a criança já havia falecido há mais de quatro horas e ela tinha sinais de estupro e violência física.

No período de investigação, a Polícia Civil descobriu que houve mais de 30 idas da criança para unidades de saúde.