Polícia

21/02/2023 07:00

Tragédia anunciada: policiais já sacaram armas para resolver problemas no Procon

Denúncia vem de uma conciliadora, que alega situações de alto risco em audiências

21/02/2023 às 07:00 | Atualizado 20/02/2023 às 09:15 Thiago de Souza
Conciliadores têm medo durante audiências - Marco Codignola

Conciliadora de 48 anos, relatou que policiais já sacaram armas, na tentativa de resolver problemas, durante audiências de conciliação no Procon-MS, em Campo Grande. Ela foi a principal testemunha do assassinato do empresário, Antônio Caetano de Carvalho, 66 anos, cometido pelo policial aposentado, José Roberto de Souza, 53 anos, na manhã de segunda-feira (13). 

Segundo depoimento dado ao delegado Antônio Ribas, da 1ª DP, a testemunha narrou que, no prédio onde fica o Procon, também há a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo. Em algumas situações, diz a profissional, policiais dessa delegacia já tiveram de intervir para mediar conflitos mais calorosos. 

A conciliadora narrou que já fez audiências de policiais consumidores, que puxaram o armamento para resolver a pendência. Colegas teriam relatado a ela o mesmo problema durante as audiências. 

Ainda conforme o depoimento, os profissionais conciliadores eram sempre orientados a não registrarem ocorrência ou relatarem o problema na ata da sessão, para ''não dar problema''. 

Entramos em contato com a assessoria do Procon-MS e aguardamos resposta. 

Lei 

Projeto do deputado estadual Pedrossian Neto, do PSD, quer proibir entrada de pessoas armadas, dentro do Procon-MS. A medida vale para todos os escritórios do órgão, no interior do Estado e fica permitida somente o armamento de servidores ou funcionários que cuidam da segurança do local. 

Morte

Conforme divulgado pela Polícia Civil, José Roberto de Souza não teria ficado satisfeito com a venda de um produto ou serviço feito por Antônio Caetano, avaliado em R$ 630. Os dois estavam no Procon-MS para fazer a conciliação. 

Segundo o delegado Willian Rodrigues de Oliveira Junior, o suspeito ''perdeu a cabeça'' e atirou contra o empresário. 

Ainda segundo Oliveira Junior, a morte foi presenciada por pelo menos três funcionários do órgão estadual. Ele detalha que foram três tiros disparados, sendo que dois acetaram a cabeça do empresário, que morreu no local. 

O caso é investigado na 1ª DP, no centro, como homicídio qualificado por motivo fútil.