Cansadas de todo mês ouvir uma desculpa diferente, mães e familiares de PcD (Pessoas com Deficiência), que dependem do SUS (Sistema Único de Saúde), estão na manhã desta quarta-feira (14), na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), para denunciar a falta de assistência no fornecimento de medicamentos e insumos.

Em vídeo, Daiane Ricaldi, mãe de um menino que precisa de sonda de cateterismo, está reunida com outras pessoas na Sesau aguardando uma explicação para a falta dos produtos fornecidos pelo CEM (Centro Especializado Municipal).

"Estou aqui, junto de várias pessoas que são mães ou familiares de algum usuário do SUS, que têm liminar na Justiça para receber, através do município, medicação, fralda, leite, insumos, materiais imprescindíveis para a vida, como sonda de cateterismo no caso do meu filho, mas o descaso é muito grande", começa a mãe.

Segundo ela, todas as pessoas que estão ali, sempre que chegam no CEM para buscar material, nunca conseguem e sempre há uma desculpa nova. "A resposta é sempre 'não chegou, está em processo de compra, a empresa atrasou', a gente não consegue entender como é que a prefeitura faz um contrato com uma empresa, compra o material e essa empresa não entrega e fica por isso mesmo, como que pode isso, não tem explicação", diz.

Daiane enfatiza que todos os materiais fornecidos pela saúde são caros e muitos passam necessidade quando precisam tirar do próprio bolso.

"Temos dificuldade de encontrar até na farmácia e o nosso dinheiro não dá para suprir tudo. A maioria aqui é trabalhador que ganha salário mínimo ou vive do BPC (Benefício de Prestação Continuada), que também é salário mínimo e revertido com gasto para esse familiar e nisso a família passa necessidade", comenta.

"E é um direito nosso, ganhado na Justiça, todos nós aqui temos liminar na mão. Como a prefeitura não cumpre a liminar, eles estão acima da Justiça? Isso que queremos entender", questiona.

Falta de dietas e fraldas

Desde o mês de maio a assistente administrativa Josiane Nogueira, 41 anos, não consegue fraldas para a mãe idosa de 73 anos que foi diagnosticada com Alzheimer há 12 anos. Acamada a senhora não recebe o material e a família há meses se descobra para não deixar faltar o produto em casa.

"Toda vez que eu ligo, eles informam que está em falta, e dizem que não tem previsão de chegada, mas nós que dependemos que o município disponibilize, como fazemos?", questiona a filha.

Josiane afirma que os últimos meses tem sido difíceis e conta com a ajuda de doações. "Peço ajuda aos familiares e amigos, e nos afundamos no cartão de crédito, não sei por quanto tempo vamos conseguir manter, é uma necessidade dela que não podemos deixar de lado, ainda temos os gastos com medicações, e produtos de uso rotineiro, precisamos dessa ajuda", explica.

Na época a Sesau  informou que estava com processo de compra emergencial deste suprimento em fase final, sendo esperado um novo carregamento de fraldas geriátricas em até 30 dias, o que não aconteceu.

Reposta da Sesau

Veja a seguir o posicionamento da Sesau:

A comissão de mães foi recebida na secretaria para ouvir as reivindicações e esclarecer sobre  a questão do fornecimento das medicações, fraldas e materiais por meio das demandas judiciais, além de se colocar à disposição para solucionar o problema..  A Sesau reitera que tem buscado dar celeridade em todos os processos de compra objetivando o atendimento dos pacientes, no entanto existem situações pontuais que acabam impactando no fornecimento em tempo hábil de materiais, insumos e medicamentos, como a indisponibilidade de matéria prima ou do produto no mercado, atrasos na entrega ou desistência no fornecimento por parte da empresa. 

Importante ressaltar que os processos são individuais e é necessário analisar a situação de cada paciente e há ainda demandas que são compartilhadas com o estado, no entanto todas as medidas estão sendo tomadas para garantir que estes pacientes sejam devidamente contemplados dentro de suas necessidades.

* Matéria editada às 15h16 para acréscimo da posição da Sesau