Campo Grande

02/12/2022 14:20

Investigado por assédio sexual é amigo de Adriane e diz que investigação 'vai cair'

Subcomandante Valmir Ferreira da Silva confia na amizade com prefeita Adriane Lopes para escapar de investigação

02/12/2022 às 14:20 | Atualizado 02/12/2022 às 17:01 Vinícius Squinelo e Diana Christie
Prefeita é amiga de subcomandante denunciado por assédio - Silas Lima/ Divulgação

Subcomandante da Guarda Civil de Campo Grande, Valmir Ferreira da Silva, amigo da prefeita Adriane Lopes (Patriota), e investigado por assédio a alunas do curso de formação da Guarda, disse, em diversos áudios, que não “vai cair” por ser ligado à chefe do Executivo. 

Ele está convicto de que o processo de investigação de assédio sexual será arquivado e não terá consequências pela amizade e ajuda na campanha politica de Lopes. Inclusive, teria tido a garantia da corregedora Paula Barreto e de pessoas ligadas diretamente à prefeita Adriane Lopes.

Um vasto material foi obtido pelo TopMídiaNews, e prints mostram que o subcomandante da vítima curtia várias fotos da jovem nas redes sociais, sempre com elogios incompatíveis com a relação profissional. E também sempre tentava manter um contato casual fora do expediente.

Defendido pela gestão

Mesmo afastado das funções, o suspeito tirou onda e citou que será defendido pela gestão da prefeita Adriane Lopes.

“É inveja e o próprio deputado falou que estão fazendo de tudo para me prejudicar porque viram que estou ligado a ele, e a prefeita Adriane. Ele falou: ‘você pode ficar tranquilo, no que depender de nós, estamos juntos e nós vamos resolver isso daí.’ Então, assim, eu fiquei mais tranquilo.”

A denúncia envolve o subcomandante da GCM e outros dois guardas, contra as alunas, que se preparam para serem novas agentes civis metropolitanas. Neste caso, apesar da aprovação na prova objetiva, as candidatas são avaliadas e podem ser reprovadas. 

Os três denunciados são servidores antigos, um deles é segurança da prefeita Adriane Lopes, outro comandante de área e o subcomandante em questão, amigo pessoal. 

Em um segundo áudio, Da Silva reafirma que sua ligação pessoal com a prefeita Adriane Lopes o ajudará a sair da situação. “Falei com o deputado e ele disse que confia em mim. Inclusive, os guardas né, mandando mensagem pra ele e dizendo que o subcomandante da prefeita Adriane está envolvido com crime de assédio. Mas o problema da guarda são os guardas, que estão mandando mensagens para a prefeita Adriane.”

Atrito com secretário

O caso é tão tenso, que Valmir diz que pediu a cabeça do secretário Valério Azambuja. Ele também cita o assessor de imprensa como inimigo. 

"Estou muito triste com isso, com a forma com que o secretário Valério [Azambuja] está fazendo as coisas. Esse Érick [assessor de imprensa] está fazendo as coisas. O secretário-adjunto [Anderson Assis], o próprio Ozael, o tanto que ajudei. Falei como Bruno [advogado], ele vai tocar pra mim e vou ficar por Terenos até dia 16 de dezembro. E espero que até meu retorno esse verme, desgraçado desse secretário Valério não vai estar mais no cargo. Nem que eu não esteja no cargo, que já coloquei a disposição."
 

Denúncias de alunas

Em dezenas de prints de alunos do curso, é possível ver mensagens do subcomandante Valmir, as alunas. Ele curte, de forma incessante, as fotos em redes sociais e comenta sobre elas em mensagens privadas.

“Uma princesinha”, disse ele a uma.  “Pode ficar sossegada. Até amanhã, na avaliação das fotos”, comentou em outra tentando justificar o costume. "Fica difícil não fazer um elogio”, disse ele outra foto.

Em outro print, Carlos Mauricio, chefe de região do Prosa, inicia diálogo com uma delas: “O que faz de bom? Você é casada?”, e continua “Ai sim heim, na academia, firme e forte”. Com a mesma aluna, ele diz: “achei que iria parar lá e tomar água de coco”, e depois: “Fui hoje só pra ver você vibrar, mas cheguei atrasado”.

Emerson Angelo convida a aluna a ir a uma festa, e até se dispõe a buscá-la. “Estamos aqui, se quiser vir. Só os melhores. Morais pediu para não compartilhar a foto, mas se precisar vamos te buscar aí, em Terenos”.

Depois disso, a aluna recusa e diz que está em outra cidade. 

Alunos homens perseguidos

Em outra imagem, um dos alunos reclama que instrutores passaram a pegar mais no seu pé, após o observarem com uma das garotas.

“Depois que me viram com a guria, começaram a pegar no meu pé. Estão sendo agressivos. Eles pensam que as alunas vão ficar babando o ovo. Aí um aluno vai lá e morde a presa deles né? Conversei com um colega que passou pela mesma situação. Agora é segurar o tempo que falta e manter o foco”.

Em outras imagens é possível ver os xerifes dos alunos também conversando com as alunas e curtindo fotos.

O que diz a prefeitura?

Em nota, a prefeitura disse que o "Processo Administrativo Disciplinar está em curso. A Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social - Sesdes determinou sigilo das informações até a finalização das investigações no âmbito da corregedoria".