Tocando o terror

08/11/2022 08:50

Bolsonaristas vandalizam peça infantil e deixam crianças e pais em pânico (vídeo)

Manifestantes golpistas que pediam intervenção militar provocou uma confusão durante um espetáculo infantil na Feira do Livro de Porto Alegre

08/11/2022 às 08:50 | Atualizado 08/11/2022 às 09:06 Dayane Medina
Imagens mostram famílias vivendo morrendo de terror - Reprodução/Vídeo do Twitter

Mais uma vez, de forma agressiva, um grupo de manifestantes golpistas que pediam intervenção militar provocou uma confusão durante um espetáculo infantil na Feira do Livro de Porto Alegre e deixou crianças e pais em pânico na última quarta-feira (2).

A feira acontece na Praça da Alfândega, no centro da capital gaúcha, em um local próximo ao quartel militar da cidade, onde bolsonaristas se reuniam para protestar contra o resultado das eleições. Segundo testemunhas, a briga começou entre quatro homens, alguns vestindo verde e amarelo, em frente ao local onde aconteceria o espetáculo infantil. 

Organizadores do evento e famílias que estavam na plateia tentaram conter os arruaceiros, mas a briga tomou proporções generalizadas. Manifestantes, também vestidos com cores da bandeira, chegaram a chutar as estruturas de ferro do evento e a ofender espectadores do teatro.

Um dos atores da peça, gravou um vídeo no momento da confusão.

Ele relata que houve pânico no camarim e que a trupe chegou a pensar que poderia ter alguém armado no local.

“Quando ouvimos a gritaria, ficamos muito assustados, achamos que tinha alguém com arma”, relata o artista, que saiu do camarim para ver o que estava acontecendo. “Fui dar uma olhada para saber qual era a situação, se teríamos que ir embora correndo.”

O teatro onde a peça acontecia era a céu aberto e havia cerca de 300 lugares, que estavam todos ocupados. Após a confusão, parte das famílias precisou deixar o local, principalmente quem estava com crianças menores, que ficaram muito assustadas.

“As famílias que estavam na plateia começaram a intervir, a pedir aos arruaceiros que fossem embora, e eles responderam com xingamentos, palavras de baixo calão, chamando as mães de vagabunda, falando coisas horríveis, naquele espírito que a gente sabe que essas pessoas têm”, relatou o ator.

“O que mais me choca é que estávamos em um evento literário, de arte, de cultura, e esse era um espaço voltado para crianças”, diz.

De acordo com o jornal Progmatismo, três policiais participaram da ação segundo o comando do 9º BPM, que atendeu a ocorrência. A BM confirmou o uso de spray de pimenta para conter os agressores. Mas, como a confusão envolveu um número grande de pessoas, ainda de acordo com o comando, não foi possível identificar nenhum dos participantes da agressão. Também não foram efetuadas prisões e nem foi lavrado boletim de ocorrência.

‘Meu filho pediu para ir embora’

A maquiadora Analu Santos, 30, que estava na plateia com o filho de 8 e a avó de 80, afirma que sentiu um clima pesado assim que chegou ao local. Ela e sua família se depararam com manifestantes com ânimos exaltados, muitos consumindo bebida alcoólica, circulando pela feira do livro.

Ela conta que também temeu a presença de pessoas armadas no local. “Os pais ficaram preocupados por causa de armas, esse pessoal costuma andar armado. Era uma briga feia, eles estavam se chutando no chão. Meu filho nunca tinha visto uma briga assim na frente dele”, diz a mãe.