Atendimento

27/10/2022 07:00

Caixa de papelão segura maca de paciente em hospital de Campo Grande

Depois de aguardar dois dias na UPA para internar a mãe, filha reclama de atendimento enquanto idosa trata pneumonia

27/10/2022 às 07:00 | Atualizado 27/10/2022 às 10:10 Dayane Medina
Filhas reclamaram de atendimento dos enfermeiros e qualidade de conforto de paciente - Reprodução/Repórter Top

Com a mãe de 60 anos internada desde a última sexta-feira (21), para tratar pneumonia, a dona de casa Grazielli Francisco Fagundes, 37 anos, tem passado momentos difíceis e reclama de descaso no atendimento do Hospital Regional. Com medo de a idosa ficar ainda mais debilitada, a filha registrou uma caixa sendo colocada para apoiar a maca da paciente.

Os problemas com o atendimento de dona Vander Marques Francisco começaram ainda durante a internação da UPA Coronel Antonino, em Campo Grande. Apesar de receber toda medicação e ter sido bem atendida no local, Grazielli  destaca que a mãe ficou por dois dias internada na UPA à espera de uma ambulância para transferir a mãe para o hospital e só conseguiu com a presença da polícia.

"Minha mãe internou na sexta-feira na UPA, lá ela foi muito bem atendida, o problema foi sair vaga para o hospital na segunda e a gente só conseguir a transferência nesta quarta", reclama.

Segundo a filha, a transferência não era feita por falta de maca nas ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). 

"Chegava ambulância, saia ambulância, e sempre que perguntávamos, não tinha ambulância com maca para a transferência, enquanto não nos exaltamos, a situação não foi resolvida", explica a filha.

A transferência para o Hospital Regional saiu por volta de 1h30 da madrugada de ontem, mas desde que chegou à unidade, a família passa por outras lutas.

"Chegamos aqui, minha mãe com falta de ar, veio para cá por precisar de oxigênio, foi para ala vermelha, tiraram ela de lá e colocaram no corredor. Por tossir demais, a maca dela precisa ficar inclinada e colocaram uma caixa de papelão para apoiar", detalha.

Indignada, Grazielli diz que a mãe é idosa e teme que a caixa dobre ou caia e a mãe se machuque na maca. Ao reclamar para as enfermeiras e pedir uma explicação para a situação, a filha foi destratada por funcionários. 

"A enfermeira sequer se identificou, me tratou com grosseria e eu pensando no bem-estar da minha mãe, que está todos esses dias dormindo em posto e hospital para ser maltratada. Políticos vivem pedindo votos em época de eleição, mas passado esse período, não visitam os hospitais para ver em que condições os pacientes estão vivendo ali dentro", lamenta.

A reportagem entrou em contato com o Hospital Regional para ouvir detalhes sobre o caso. Em resposta a situação da paciente, o diretor presidente do HRMS, Dr. Lívio Viana de Oliveira Leite respondeu que em condições normais, o HRMS tem capacidade para atender 67 pacientes diários no PAM, "mas a normalidade nunca fez parte de um hospital público. Nosso Pronto Atendimento esteve ontem, com 15 pacientes acima de sua capacidade técnica; na manhã de hoje (27) já são 16 pacientes; O setor está trabalhando além de nossa capacidade há meses", disse ele.

A fim de mitigar essa superlotação, segundo ele, já foi relatada ao Ministério Público e todos órgãos competentes de saúde nas esferas municipal, estadual e federal, as dificuldades em trabalhar com carga excessiva diariamente.

"Quanto as caixas colocadas nas macas para manter a inclinação, se dá apenas em macas que não possuem mecanismo de inclinação. Essas macas são utilizadas de forma excepcional, devido à lotação do Pronto Atendimento. Toda conduta médica é previamente discutido com os pacientes e o HRMS respeita o ato médico, sendo ele o médico, responsável em atribuir a melhor conduta para cada caso individualmente. Quaisquer informações adicionais, a família ou as pacientes devem procurar a ouvidoria do Hospital Regional para podermos respondê-los de forma oficial", respondeu Dr. Lívio.

*Matéria editada às 10h12 para acréscimo de informações