Campo Grande

05/10/2022 18:42

Com câncer na gravidez e parto, mãe consegue direito sagrado de 'viver o filho' em Campo Grande

Ela achou injusto receber licença maternidade e de saúde ao mesmo tempo

05/10/2022 às 18:42 | Atualizado 05/10/2022 às 18:42 Thiago de Souza
Arquivo pessoal

Servidora pública do MS, que descobriu câncer de mama durante a gravidez, em 2019, teve de lutar na Justiça para usufruir da licença maternidade plena, em Campo Grande. A vitória neste caso pode beneficiar muitas mulheres – e claro os bebês - que passam pelo mesmo problema.  

Conforme relatado ao TopMídiaNews, Thais Gaspar, 44 anos, recebeu o diagnóstico da doença no quinto mês de gestação.

''Esse foi o pior momento'', enfatizou a servidora pública, que já vinha de duas perdas gestacionais.  

Gaspar iniciou a quimioterapia, que se estendeu até depois do filho vir ao mundo, em janeiro de 2020, mesmo dia do aniversário dela. A aflição da família aumentou quando o tumor se espalhou (metástase), inclusive foi preciso retirar a mama. 

O tratamento severo rendeu dores e complicações, inclusive nos braços, impedindo Gaspar de fazer as mais básicas das tarefas para um recém-nascido. Ela teve apoio de muita gente, mas viveu um percalço em relação a seus direitos. 

''Estava de licença saúde e me deram licença maternidade ao mesmo tempo, antes de terminar o tratamento. Achei injusto'', relembrou Thais. Ela refletiu que deveria gozar da licença maternidade somente após o término do afastamento por saúde, o que de início, lhe foi negado pelo órgão onde atua. 

A luta pelo direito de viver a licença com o filho em sua plenitude foi parar na Justiça. Em um primeiro momento, ela conseguiu um mandado de segurança, que lhe assegurou a conquista. Cerca de um ano e meio depois veio a vitória no mérito da ação, celebrada também pela advogada dela, Rachel Magrini.  

No pedido à Justiça, que foi aceito, Thais e a advogada destacaram que a lei estadual só contemplava ''as situações normais'' sobre licença maternidade e não o caso dela, que era completamente atípico.  

''Isso [decisão a favor] beneficia muita gente. Já tinha um precedente na iniciativa privada e agora veio para mim, no serviço público'', celebrou a mãe. Ela garantiu que a decisão não é um privilégio de servidores públicos e sim para o bem-estar de mãe e filho, em qualquer esfera. 

''A licença maternidade plena é um momento de criar um vínculo de forma intensa, vivida'', observou novamente. 

Thais retornou ao trabalho em janeiro deste ano e encerrou a parte principal do tratamento. No momento, ela faz consultas para monitorar se o câncer vai voltar. Ela fez questão de deixar uma mensagem para quem vive o mesmo problema. 

''Uma hora a vida volta ao normal, com a família e lazer, tudo normal'', garantiu a servidora, cujo filho Felipe está com dois anos e nove meses e saudável.