23/08/2022 17:00
Irmã de pecuarista morta em falso assalto 'doou' R$ 1 mil para empregada dois dias antes do crime
Em depoimento, a mulher afirmou que essa e outras transferências foram feitas por "gratidão"
A morte da pecuarista Andreia Aquino Flores, ocorrida no dia 28 de julho, em um condomínio de luxo localizado no bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, ainda segue cercado de mistérios quanto ao pagamento que os três acusados afirmaram que receberiam após os fatos.
O TopMídiaNews teve acesso exclusivo ao depoimento de Jussara Aquino Flores Fernandes, de 40 anos, irmã da vítima, acusada pelo trio de que receberiam R$ 50 mil por parte dela, caso conseguissem que Andreia assinasse um documento no qual ela desistiria de transferir quase 1,8 mil cabeças de gado que estavam na fazenda de Jussara, para outra propriedade.
Ainda conforme relatado por Jussara, os animais são provenientes de uma partilha de bens, vindos da herança de um familiar.
Relação de anos
A relação com Lucimara, uma das envolvidas no crime, ocorre desde 2003, quando a mulher trabalhou na casa de Jussara até o ano de 2009, em Ponta Porã.
Porém, em 2017, ela voltou a trabalhar com a família, mas desta vez, em Campo Grande. Entretanto, foi demitida após ela bater o carro da patroa dentro do condomínio onde morava.
Ela afirmou, ainda, que enquanto Lucimara trabalhou na casa dela, houveram alguns sumiços de valores da casa, mas não podia acusá-la, pois havia outros funcionários trabalhando na residência.
Além disso, Lucimara trabalhou como babá do filho de Jussara, que possui necessidades especiais. Posteriormente, Lucimara começou a trabalhar com Andreia.
Disputa Judicial
Nesse meio tempo, a vítima entrou com pedido judicial, protocolado em março deste ano, obrigando a irmã a entregar as cabeças de gado. Inicialmente, os animais deveriam ser entregues em uma propriedade, mas, por conta de um problema na documentação, trocou o endereço de destino.
As 1.792 cabeças de gado deveriam ser transferidas para o novo local até o final de junho. Porém, a irmã de Andreia queria que ela assinasse um acordo ratificador, estabelecendo que "após a entrega dos animais, não haveria cobrança de outros valores".
Jussara afirmou que a irmã era "muito vulnerável", e que tinha receio que ela mudasse de ideia durante o processo.
Em algumas tentativas de fazer Andreia assinar o documento, Lucimara teve participação como "ponte" entre receber o papel e levar até a vítima.
Serviço prestado
Jussara afirmou, ainda, que Lucimara entrou em contato com ela, no dia 20 de julho, se oferecendo para entregar o documento e que, desta vez, Andreia assinaria o acordo. Porém, ela afirmou que não respondeu e deixou passar.
No dia 26 de julho, a funcionária voltou a procurar a mulher, através de contato telefônico, se oferecendo novamente para pegar o documento, dizendo, ainda, que a patroa precisava "ser interditada".
Nesse momento, Lucimara pediu dinheiro para convencer Andreia a assinar o documento, e Jussara afirmou que ofereceu a quantia de R$ 50 mil para que o pedido fosse efetuado.
Alegou, também, que não se lembra da acusada dizendo em "dar um susto" na vítima, mas que em momento algum ela falou em simular roubo ou qualquer outro ato de violência.
Ajuda humanitária
Jussara afirmou, ainda, que por várias vezes deu dinheiro à funcionária por motivo de "gratidão", uma vez que ela ajudou a cuidar do seu filho com necessidades especiais, e que a mulher sempre passava por dificuldade financeira.
No dia 26 de julho, dois dias antes do ocorrido, foi realizado uma transferência no valor de R$ 1 mil que, segundo ela, serviu para pagar a conta de energia de familiares da suspeita, pois havia sido cortado.
Réus perante a Justiça
Pedro Benhur Ciardulo, de 20 anos, Lucimara Rosa Neves, de 43, e Jéssica Neves Antunes, de 24, se tornaram réus perante a Justiça de Mato Grosso do Sul, acusados de matarem a pecuarista Andreia Aquino Flores, no dia 28 de julho, em um condomínio de luxo localizado no bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande.
De acordo com os advogados do rapaz, Pablo Chaves, Bruno Ferreira e Anielton Camargo, a denúncia do crime de latrocínio foi aceita ainda na semana passada.
A partir de agora, todos os envolvidos no crime, inclusive testemunhas, deverão ser ouvidos pelo juiz para que, assim, ele tenha uma decisão final a respeito do caso. O processo segue em segredo de Justiça.
Jussara não é apontada pela Polícia como envolvida no crime, apenas como testemunha.