14/06/2022 07:00
Para quem vive em barraco, vento passa pelas frestas das madeiras e frio é sempre um pesadelo
Chuva e ventos são igualmente garantias de problemas para moradores da favela Só por Deus
Com a onda friozão, moradores da favela ''Só por Deus'', em Campo Grande, se ajeitam para passar o menor frio possível. As temperaturas chegaram a 8º C no domingo (12) e nem sempre as madeiras das moradias conseguem segurar o vento gelado.
O TopMídiaNews visitou a comunidade, que hoje abriga 86 famílias, retiradas do Dom Antônio Barbosa, em 2017 e alocadas no Jardim Canguru. A primeira ''sofrência'' é com a chuva e depois o frio.
O relato vem da dona de casa Ana Paula Pereira Bento, 32 anos, na rua Brazenor de Albres Lima. Assim como parte dos moradores da Só por Deus, ela ganhou um cartão com crédito para a compra de materiais para construção. A casa está sendo erguida, mas metade ainda é barraco.
Ainda conforme Bento, para construir a moradia de alvenaria, foi preciso derrubar a parte de madeira. Com isso, a chuva entrou e destruiu muita coisa. Agora, com a proximidade do frio e com três crianças em casa, tudo fica pior.
''E eu não tenho onde ir. Não consigo pagar aluguel. E o frio, pelo amor de Deus, tem dia que a gente não aguenta'', narrou a pagadora de impostos. Ela detalha que perdeu documentos e até televisão com a invasão da água.
Sobre a frente fria que está próxima, com previsão de 8º C no dia 12 de junho, Ana Paula tem medo de chover forte novamente e a casa cair em cima dela e dos filhos.
''Dependendo da posição do vento, é perigoso cair o telhado na gente. Estamos sempre em risco'', detalhou a moradora, que vive há sete anos na favela.
A equipe de reportagem entrou na moradia e foi possível ver diversas frestas, onde bastava botar o dedo perto para sentir o vento entrar.
Ana Paula diz que ela e os filhos sofrem no frio. (Foto: Silas Lima)
Mais lamento
Adriana Pereira dos Santos, 35 anos, vive em um barraco próximo ao de Ana Paula. No caso dela, uma bebezinha de nove meses na residência faz a preocupação com o frio aumentar.
Santos também revela que o pesadelo maior é com a chuva.
''Aqui quando chove, cai a água [da frente para o fundo] e vira um rio'', conta a moradora que tem metade da casa de alvenaria e outra parte madeira.
Com três filhos em casa, ela disse que, vez ou outra, recebe doações, mas nunca é o necessário. Por isso, aproveitou a reportagem para fazer pedidos de cobertores e fralda para a filha mais nova.
Quem quiser enviar doações para as mães, pode ligar no telefone: (67) 9 9153-7718 (Ana Paula). A senhora Adriana não possui telefone celular.
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