07/06/2022 17:00
Deputados denunciam plantio de soja no Pantanal e confrontam ruralistas em MS
Satélites identificaram plantio no bioma em Aquidauana com 288 hectares e outra com 317 hectares em Coxim
Temendo a degradação do Pantanal, o deputado Paulo Duarte (PSB) denunciou, na sessão desta terça-feira (7), a plantação de soja em terras pantaneiras. Com base em imagens de satélite, o parlamentar afirma haver uma recomendação estadual de que não haja o plantio da cultura nessas áreas, mas nenhuma lei que impeça.
Duarte deixou claro que não é contrário ao agronegócio e ao produtor rural, mas que é importante construir uma legislação que proteja o bioma, já que diversas regiões do MS têm vocação para isso e o uso de agrotóxico prejudica rios, ambiente e a própria vida humana.
“Recebi provas que identificam o plantio de soja em duas áreas contíguas de 288 hectares em Aquidauana e outra de 317 hectares em Coxim. Podem ser áreas pequenas diante da imensidão do bioma, mas não podemos transformar o nosso Pantanal em mais uma fronteira agrícola, uma vez que temos regiões vocacionais para o plantio de soja no Estado”, destacou.
De acordo com o deputado, as áreas constam no ZEE (Zoneamento Ecológico-Econômico) do Estado de Mato Grosso do Sul, com a recomendação de não se instalar empreendimentos que prejudiquem o bioma. "Temos em MS mais de oito milhões de hectares de terra degradada e estamos falando de algo que depende de nós para as futuras gerações."
O deputado Pedo Kemp (PT) afirma que as recomendações nem sempre são seguidas, e que é importante ter uma legislação.
Já o deputado Zé Teixeira (PSDB), produtor rural, diz que tem muito mais áreas com plantação de soja. "Dificilmente no país você compra uma propriedade e alguém fazer lei para que você não plante na propriedade, porque sem renda você não vive. E o que torna esse país de pé é a agricultura. Se você pegar, por exemplo, a Fazenda dos Coelhos, que está localizada em Miranda, é uma planície, e não é Pantanal porque não alaga."
Necessário regulamentar
O deputado lembrou que a seca extrema atinge o Pantanal há mais de sete anos, tanto que áreas geralmente inundadas e cheias, hoje já estão em terra seca. Porém, ele diz que isso não pode fazer com que a região se transforme em área agrícola.
“Recomendar não é imposição. Já levei a preocupação aos setores ambientais do Governo do Estado. É necessária uma legislação urgente para regulamentar o plantio de soja e proteger o Pantanal. Devemos evitar que aconteça com o Pantanal o que ocorreu com o Rio Taquari, consequência de uma agricultura desenfreada e descontrolada”, afirmou.
O Pantanal é a maior área úmida do planeta. No Mato Grosso do Sul, ocupa cerca de 25% do território. Em relação aos limites do bioma, a porção no Estado representa 26% de área no planalto da Bacia do Alto Paraguai (BAP) e 11% das planícies do Pantanal.
“As chuvas estão mais escassas. Não temos mais o mesmo período de cheia, que geralmente está no pico no mês de junho. A questão é gravíssima, pois o Pantanal é sensível. Não podemos varrer essa denúncia para debaixo do tapete, pois assim que começa um desastre ambiental. Vamos lutar para entregar o meio ambiente preservado para as futuras gerações”, disse Duarte.