Interior

21/03/2022 13:00

MPE cobra apuração da morte de 71 bebês em maternidade de Corumbá

Um dos casos chocou a cidade, onde um bebê morto estava em lençóis sujos e com formigas

21/03/2022 às 13:00 | Atualizado 21/03/2022 às 11:52 Thiago de Souza
Morte de bebê ocorreu em 2020 - Enviada ao Diário Corumbaense - arquivo

A Maternidade de Corumbá registrou 71 mortes de crianças, entre os anos 2020 e 2021. A demora na investigação dos óbitos levou o Ministério Público Estadual a cobrar da Saúde Municipal rapidez nas apurações.

Conforme a Prefeitura, em 2020, foram 37 mortes de crianças e, segundo o MPE, 34 em 2021. 

O problema apontado é que nem todas as causas das mortes teriam sido esclarecidas, o que levou o órgão investigador a abrir procedimento para acompanhar as apurações. 

A Saúde de Corumbá garante que todas as 37 mortes em 2020 foram investigadas, concluídas e registradas no Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde. 

Ainda segundo as autoridades da Cidade Branca, o surgimento da pandemia da covid-19, em 2020, dificultou a conclusão das apurações restantes. Neste caso, é que as visitas domiciliares para a coleta dos dados estavam suspensas por restrições sanitárias. 

O Executivo municipal destacou que as investigações sobre mortes de crianças na maternidade são de natureza obrigatória, pela Vigilância Epidemiológica, e têm o objetivo de identificar os fatores determinantes e assim subsidiar a adoção de medidas preventivas. 

A assessoria do MPE informou que o caso está na Promotoria da Infância de Corumbá e está em investigação. Sendo assim, ainda não é possível informar os dados que a Promotoria tem em mãos. 

Bebê morto e formigas

Em 2020, a Polícia Civil de Corumbá passou a investigar denúncia de descaso, pela morte de um recém-nascido, na Maternidade local. 

O pequeno, segundo o Diário Corumbaense, faleceu com três dias de vida, na madrugada de 7 de março. 

A família da criança apontou que ele nasceu com icterícia, doença que deixa a pele e os olhos amarelados e pode causar outros problemas, levando à morte.

A doença foi detectada horas após o parto cesariana e, depois de exames, foi cogitada a necessidade de transferir o menino para Campo Grande. 

Ainda na denúncia da família, um médico que atendia o recém-nascido não respondeu aos chamados dos pais. O menino teria morrido às 2h e a família avisada às 6h. 

A tia da criança foi avisada que o corpo estaria no necrotério do local. Junto de uma enfermeira, foram até uma sala, mas a porta estava fechada. Elas entraram em outra, que estava aberta, e acharam o corpo do bebê envolto a lençóis sujos e cheio de formigas. 

À época, a maternidade se pronunciou: 

“A Secretaria de Saúde de Corumbá informa que tomou conhecimento do ocorrido e que está acompanhando o caso junto a administração do Hospital’’.