A clínica onde trabalhava o fonoaudiólogo Wilson Nonato Rabelo, acusado de estupros em série, instalou câmeras de segurança nos consultórios. A dona da empresa prestou depoimento na tarde desta quinta-feira (17) e está colaborando com as investigações.

A delegada Fernanda Mendes, titular da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), destaca que a empresa é idônea, com mais 20 funcionários que trabalham de forma séria, mas teve a infelicidade de contratar um fonoaudiólogo que usava a profissão para cometer crimes contra vulneráveis.

Segundo a delegada, também nunca houve proibição real para os pais de acompanharem os filhos nas consultas.

“Não existe isso. Os pais eram autorizados a entrar. Talvez esse profissional em específico, o que não chegou ao conhecimento dela [dona da clínica], poderia dar uma desculpa para que os pais não entrassem junto na consulta, mas na clínica todos os pais são autorizados a acompanhar, ao lado do profissional e ao lado do seu filho”.

Fernanda complementa que as vítimas possivelmente eram escolhidas por conta da dificuldade da comunicação. “Eu acredito que seja de maneira dolosa escolher dentre os vulneráveis os mais vulneráveis para ele ficar impune”.

Depoimento

Conforme Fernanda, Wilson ficou em silêncio durante todo o interrogatório, mas a polícia confirma ao menos quatro estupros. As vítimas são duas crianças de 4 e 5 anos e outras duas de 8 anos, todos meninos.

“[Nesta quinta-feira, 17] Ele foi interrogado nos três inquéritos de estupro de vulnerável. Então ele foi interrogado três vezes hoje. Em todas as vezes, ele manifestou o desejo de permanecer em silêncio e falar apenas em juízo, mas também não negou nenhuma conduta libidinosa, apenas manteve o silêncio por orientação do seu advogado”, explica a delegada.

A dona da clínica onde Wilson trabalhava entregou uma lista de 75 crianças atendidas apenas em 2022 e se comprometeu com o levantamento dos demais pacientes, que totalizam mais de 200 crianças. Nem todas foram abusadas, mas todas as famílias serão convocadas para prestar depoimento.

A expectativa é que o inquérito demore cerca de seis meses até que todas as famílias sejam ouvidas.

A prisão

Wilson foi preso em flagrante, na última quarta-feira (9), após denúncia dos pais de um menino de 8 anos. A criança contou sobre os abusos para a família, que a orientou a gritar e correr em caso de comportamento estranho.

“As quatro crianças confirmaram a violência sexual. Ele ofertava doces. Ele pedia para colocar a máscara no rostinho, nos olhos de uma das crianças. A conduta libidinosa normalmente é semelhante entre as vítimas, mas o enrolar da criança geralmente mudava. Usando a maneira lúdica para conseguir o que queria, ou seja, o abuso sexual”, explica a delegada.

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