Polícia

há 2 anos

PM diz que jovem 'bateu rosto no poste' após denúncia de abuso de autoridade em MS

Defesa do jovem de 19 anos alega que equipe policial deve ser investigada

23/02/2022 às 17:00 | Atualizado 23/02/2022 às 19:01 Rayani Santa Cruz
Jovem teve diversas lesões no rosto - Arquivo Pessoal

A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul afirmou, em nota, que a denúncia de abuso de autoridade em Amambai-MS, em que um jovem de 19 anos teria sido brutalmente espancado, se trata, na verdade, de uma tentativa de escapar da abordagem policial e batida do rosto em um poste.

De acordo com advogado da vítima, Marcos Patrick Resende, o jovem usa remédio controlado e ficou dois dias preso, sem comida e sem a medicação. 

A PM diz que o caso foi registrado pela 3ª Companhia Independente da PMMS, uma ocorrência no dia 14 de fevereiro de 2022, onde o jovem foi detido por suspeita de "Desacato, Desobediência, Ameaça e Perturbação do Sossego Alheio."

"Segundo o registro do BOPM, o suspeito, na tentativa de se esquivar da abordagem, saiu correndo, momento que perdeu o equilíbrio e bateu com o rosto em um poste. O fato foi presenciado por testemunhas e o jovem encaminhado para atendimento médico, antes de ser levado à Delegacia", diz trecho da nota.

Ainda conforme a PM, o "Comandante da 3ª CIPM irá instaurar procedimento administrativo para apurar as circunstâncias do caso".

O caso 

Estudante de 19 anos teria sido brutalmente espancado durante abordagem da Polícia Militar, na cidade de Amambai. De acordo com advogado da vítima, Marcos Patrick Resende, o jovem usa remédio controlado e ficou dois dias preso, sem comida e sem a medicação. 

As supostas agressões causaram diversas lesões no rosto do rapaz, que precisou levar pontos.

Na delegacia, o jovem foi acusado de “desacato, perturbação do trabalho ou sossego alheios e resistência”.

No documento, está escrito que, no dia 15 de fevereiro, o rapaz chegou a um comércio da cidade e passou a perturbar o proprietário e clientes; o responsável teria acionado a PM e pedido que ele fosse embora. No BO, ainda é citado que, na abordagem, o rapaz xingou os policiais, se debateu e que caiu no chão, motivo dos cortes na face. 

O advogado Marcos Patrick Resende contesta o boletim e diz que, após preso em flagrante, o cliente ainda passou dois dias sem medicamento e sem comida. Ele alega que fez solicitação para a entrada de alimento, e lhe foi negado.

“Fiz contato com a Polícia Civil para autorizarem a entrada de uma marmita, me foi negado, ou seja, somente no terceiro dia, meu cliente foi comer, pois o Juiz aceitou o relaxamento da prisão para o mesmo responder em liberdade pelo abuso de autoridade. Excesso de força para a prisão, bem como versões que até mesmo mencionou que estaria portando drogas, fato que não constava em nenhum depoimento dos outros policiais e das testemunhas, nem mesmo do delegado.”

Resende se indignou com o caso, e pede que os direitos humanos sejam respeitados. Por enquanto, o rapaz passou pela audiência de custódia e foi liberado acompanhado da defesa.