17/02/2022 18:13
Jovem morre após treinamento físico e rotina exaustiva em quartel de Aquidauana
Família acredita que houve negligência dos militares no treinamento e Polícia Civil investiga a morte do rapaz por meio inquérito
Edilsio Morais da Silva Filho, 18 anos, morreu na noite desta quarta-feira (16) após não suportar uma sessão de treinamento físico no NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva), em Aquidauana. O jovem era aluno e também havia relatado uma rotina exaustiva para a família.
Os alunos estão, de certa forma, 'confinados' desde o início da semana. A rotina contava com atividades físicas logo pela manhã e, em seguida, passavam a frequentar as salas de aula.
Conforme o site O Pantaneiro, Edilsio sentiu um pequeno desconforto e notou que o coração estava acelerado no início da manhã, antes das atividades físicas. Por conta disso, ele foi encaminhado para o Hospital Regional de Aquidauana com quadro de exaustão muscular, mas a noite ele faleceu.
O atestado de óbito trouxe que o jovem morreu por rabdomiólise, sendo uma doença caracterizada pela destruição das fibras musculares. Ainda de acordo com o site local, a doença levou o aluno ter um quadro de hepatite fulminante, como consequência de arritmia cardíaca por desidratação.
De acordo com familiares, houve uma possível negligência por parte dos militares durante o treinamento. Jean Ricardo Brites de Assunção, 47 anos, explicou que as causas da morte estão sendo apuradas pela Polícia Civil, por meio de um inquérito.
Na manhã desta quinta-feira (17), Edilsio foi velado e sepultado em Dourados.
Rotina exaustiva
Edilsio compartilhou recentemente com sua mãe a rotina exaustiva que enfrentava no quartel. Em uma das mensagens encaminhadas, ele diz que tomou banho e lavou sua roupa, mas por um pequeno atraso, foi obrigado a fazer uma redação de 50 linhas.
A conversa aconteceu há dois dias, quando ele entrou no NPOR, na última segunda-feira.
Na madrugada do dia 15, ele encaminha a mensagem para genitora dizendo estar indo dormir na madrugada, mas que teria poucas horas de sono, pois estaria se arrumando para a faxina.
Em outro trecho da conversa, a mãe questiona como foi o dia e o jovem relata que 'estava torando', dormir na língua do exército, e que ainda faria novas flexões.
"Tenho que fazer uma redação de 50 linhas. Uma das meias que a sr (sic) bordou estava rasgada. Eles viram e tomei punição. A senhora pode me ajudar [a escrever]?", escreveu Edilsio para a mãe às 21h48 do mesmo dia.
Por esses motivos, a família acredita que houve negligência. Dessa forma, houve um pedido para a polícia investigar a morte.
(Foto: Reprodução/O Pantaneiro)