Campo Grande

19/02/2022 13:30

Dona de barraca de vendas em Anhanduí teme ser despejada pela CCR: 'só quero trabalhar'

Ela foi notificada para desocupar faixa de domínio daqui a dez dias e teme ficar sem sustento, fora que pagou R$ 5 mil pelo ponto recentemente

19/02/2022 às 13:30 | Atualizado 17/02/2022 às 12:35 Rayani Santa Cruz
Moradora do Distrito de Anhanduí teme perder barraca - Arquivo Pessoal

Viviane dos Santos Vera, de 28 anos, moradora do Distrito de Anhanduí, corre o risco de perder o único meio de sustento da família, pois foi notificada pela CCR MS Via a deixar a barraca de vendas, localizada às margens da BR-163, Centro de Anhanduí.

A vendedora diz que a notificação que recebeu dá o prazo de dez dias para sair do local. Outros comerciantes também receberam o mesmo papel, que se baseia nos artigos 80 e 82 da lei 10.233 de 05/06/2001. O documento diz que a área é faixa de domínio da rodovia e precisa ser desocupada.

“A gente comprou o ponto de uma conhecida, em 2021. Mas o meu marido se acidentou de moto e eu tive de fechar para cuidar dele. Nesse tempo, eu deixei a minha cunhada no ponto e vendi para ela. Passou um tempo e ela não quis mais e vendeu agora pra mim de novo por R$ 5 mil em dinheiro e mais uma moto de R$ 3 mil, ou seja, paguei R$ 8 mil; e tive essa surpresa desagradável, que vou ter que sair.”

Apesar do medo de ser despejada da barraca onde vende pimenta, doce, salgados, e queijo, Viviane disse que está mantendo o local aberto, mas tem dúvidas se vai receber algum tipo de multa.

“Olha, eu não procurei advogado e não falei com nenhuma autoridade. Só quero trabalhar, e estou vendo que alguns dos proprietários aqui da região estão abrindo. Tem umas 15 barracas só aqui do meu lado. Então, eu abri, mas não sei se pode com tanta certeza.”

Viviane é mãe de quatro filhos e diz que não sabe o que fazer. Ela diz que ligou no número disponível pela concessionária, e o atendente disse que só iriam derrubar a barraca se o local ficasse fechado, mas ainda assim tem medo. 

“O problema é que a CCR MSVias disse que fiscalizou o local e que vai derrubar se ver ele fechado. Pelo que eu entendi, foi isso, mas a gente tem que ter certeza." 

O radialista Germano Rosa, da Rádio Anhanduí, esteve no local e divulgou sobe a situação das famílias.

O que diz a CCR MSVia

O portal enviou questionamentos a concessionária sobre as barracas notificadas, riscos se sanções e possível autorização para continuar no local. Em nota, a empresa diz que está realizndo a remoção de barracas sem uso.

"A CCR MSVia informa que está realizando a remoção de barracas sem uso ou em ruínas localizadas às margens da BR-163/MS no distrito de Anhanduí, em Campo Grande. A ação atende a uma determinação da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) de acordo com o que está estabelecido no Contrato de Concessão.

Ainda não há ação prevista para as demais barracas que estão em uso por comerciantes e/ou moradores instalados às margens da BR-163/MS na região. A Concessionária, autoridades locais e população lindeira seguem em diálogo para definição de outras ações que possam ser feitas de modo a preservar a segurança e a integridade tanto da população local e como dos usuários da rodovia."