Cidades

09/02/2022 09:00

Uma mulher foi vítima de feminicídio a cada 4 dias em 2022 em MS

Foram sete vítimas, todas mortas com requintes de crueldade

09/02/2022 às 09:00 | Atualizado 09/02/2022 às 08:54 Thiago de Souza
Reprodução/Facebook

Sete mulheres perderam a vida brutalmente, nas mãos de maridos, ex-companheiros e até ‘’ficantes’’, desde o início do ano, em Mato Grosso do Sul. Ou seja, uma família foi destruída em cada uma das sete semanas de 2022.  

Um dos primeiros casos foi em 15 de janeiro, quando Marli Fonseca Tavares não resistiu às agressões sofridas no Natal, em Sete Quedas, e morreu no hospital. O suspeito foi preso. 

Tortura 

Dos vários casos, o que mais chocou foi o de Francielle Alcântara Guimarães, 36 anos, no Portal Caiobá, em Campo Grande. A vítima supostamente traiu o marido, Adailton Freixeiro da Silva, 46 anos. Este, por vingança, passou o mês de janeiro promovendo torturas físicas e psicológicas contra a vítima.  

Francielle sofreu queimaduras, corte de cabelo, dentes quebrados e algo que o delegado do caso, Camilo Kettenhuber Cavalheiro, disse ter se espantado, diante de tamanha crueldade: 

‘’Ele batia nas nádegas dela, até tirar a camada de pele... a Francielle não tinha mais epiderme, já estava na camada de gordura... ela usava uma bandagem para poder sentar’’, lamentou o policial. 

A vida de sofrimento de Francielle teve fim no dia 25 de janeiro. Adailton fugiu por seis dias, até ser preso em Cuiabá (MT). 

Outros crimes

No mesmo dia que Francielle, mas em Ivinhema, Vitória Caroline de Oliveira Honorato, 15 anos, foi assassinada por três conhecidos da família dela. 

A vítima tinha um relacionamento superficial (ficante) com um dos acusados. No dia que sumiu, ela teria dito que iria se encontrar com outro jovem e o suspeito ficou inconformado. 

Caroline foi morta em uma casa e jogada em um brejo, no entorno da cidade. Os três envolvidos estão presos. 

Crueldade

Rosiclei Paredes, 39 anos, foi brutalmente assassinada com facadas na cabeça, em 22 de janeiro, na casa onde morava, em Bandeirantes.

Ela foi morta com 37 golpes de faca e teve o corpo jogado em uma fossa. O marido de Rosiclei trabalhava em uma fazenda no dia do assassinato.

O suspeito do crime, Eduardo Gomes Rodrigues, 53 anos, morava de favor na casa da vítima. Ele foi preso tentando fugir da cidade, dias após o crime.

Natalin 

Outro caso que chamou a atenção pela monstruosidade, foi o de Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos. Ela foi morta pelo marido, na sexta-feira (4), e achada morta em um matagal, no domingo (6). 

O assassino é Tamerson Ribeiro Lima de Souza, 31 anos, militar da Aeronáutica. Ele agrediu e a estrangulou e deixou o corpo dela por três dias, no porta-malas do carro, até desová-lo à beira da BR-060. 

O militar usou o celular da mulher, já morta, e se passou por ela, para enviar mensagens às amigas. O objetivo era evitar que alguém estranhasse o sumiço a avisasse a polícia. 

Toda a farsa foi descoberta e ele preso preventivamente. 

Luana Furtado

O mais recente caso registrado foi o da cabeleireira Luana Furtado, 29 anos. Ela foi achada morta com dez facadas, na manhã de terça-feira (8), em Costa Rica. 

O suspeito é o marido dela, que enviou áudio à família da vítima, confessando o crime. Também em gravação de voz, o assassino prometeu a amigos que iria se matar. Horas depois, foi achado morto por enforcamento, em uma chácara, também em Costa Rica.  

Apesar de todo assassinato ser bárbaro por natureza, o que chamou a atenção, em todos os casos, foram os requintes de crueldade. Facadas em série, torturas e ocultação dos cadáveres mostram que os assassinos queriam mesmo é imprimir terror, seja com a vítima viva ou morta. 

Dissimulação 

Em quatro dos casos, as vítimas foram dadas como desaparecidas, sendo que os suspeitos ajudaram de alguma forma nas buscas pelas mulheres assassinadas.