Polícia

31/01/2022 07:00

Com cinco feminicídios, janeiro coleciona morte trágicas e cruéis de mulheres em MS

Crime de tortura, matar por ciúmes, facadas que tiraram a vida de uma mulher com sonhos e outros casos fecham o primeiro mês do ano

31/01/2022 às 07:00 | Atualizado 30/01/2022 às 18:13 Vinicius Costa
conde de boa vista com ludio coelhoVitória, Franciele e Rosiclei foram vítimas de feminicídios - Reprodução/Arquivos Pessoal

Casos de feminicídio voltaram a ficar em evidência em Mato Grosso do Sul e janeiro parece ter sido um dos meses mais cruéis e trágicos para o sexo feminino, que não tiveram nenhuma chance de se defender contra genros, maridos e até irmãos que tiraram suas vidas.

O primeiro mês do ano, que se encerra nesta segunda-feira (31), tende a terminar com cinco casos de feminicídios - o último, com crueldade envolto a ciúmes e com o perigo 'morando' ao seu lado.

Vitória Caroline de Oliveira Honorato, 15 anos, morreu no dia 25 de janeiro em Ivinhema, data exata no qual foi dada como desaparecida por parentes e polícia. Desde então, buscas, força-tarefa e até ajuda de cão farejador foi preciso, mas seu corpo não havia sido encontrado.

Mas no sábado (29), a notícia que ninguém queria ouvir: a adolescente foi dada como morta e seu corpo encontrado em avançado estado de putrefação.

A Polícia Civil prendeu pelo menos três suspeitos, mas apenas um teria confessado o crime. Entre os envolvidos estaria a espécie do seu 'namorado', mas também um vizinho. A motivação? Ciúmes da garota que teria se encontrado com outro rapaz.

Inicialmente a morte foi por estrangulamento, mas ainda a perícia deve detalhar as causas. Vitória teria sido asfixiada até a morte em uma casa abandonada e depois teve seu corpo jogado em um brejo próximo à sua casa. Dor e luto para uma família.

Mas os casos não pararam apenas na jovem. O caso considerado mais cruel e chocante de janeiro envolveu Francielle Guimarães Alcântara, 36 anos, torturada, agredida e viveu por 26 dias sob cárcere privado nas mãos do marido Adaílton Freixeira da Silva, 46 anos. Ela morreu no dia 26 de janeiro.

Hematomas, choque, nádegas com ferimento em gordura viva, - sim, você não leu errado -, cortes de cabelos e muito mais. O relato de tortura causou indignação, mas chocou até mesmo o delegado Camilo Kettenhuber, da 6° Delegacia de Polícia Civil, que ficou a frente do caso.

Esse feminicídio em questão pode até ser trazido para série produzida pela Netflix, "Bom Dia, Verônica", no qual uma mulher fica nas mãos de um policial de alta patente e comete ações tenebrosas em que a maltratava e a deixava longe do contato da família.

"Nunca peguei algo tão impactante na vida profissional", disse Camilo para a reportagem.

Mas o que levou a morte de Francielle? Um caso extraconjugal. Desde que descobriu, o marido manteve a vítima trancada e vigiada 24 horas em sua casa, no Portal Caiobá, em Campo Grande, torturando, agredindo e ameaçando seus filhos para que não contassem para ninguém.

Adaílton está foragido por enquanto, mas a polícia segue levantando informações, câmeras de segurança que podem ter registrado a fuga do torturador.

Outro três casos

Marli Fonseca Tavares foi mais uma vítima de feminicídio ao ser agredida pelo seu companheiro ainda no Natal, mas faleceu no dia 15 de janeiro em Sete Quedas. O suspeito segue preso.

Na lista ainda estão a idosa Paulina Rodrigues, de 103 anos, morta pelo genro de 91 anos em Tacuru no dia 16 de janeiro. A terceira vítima foi Rosiclei Paredes, 39 anos, após brutalmente assassinada com facadas na cabeça no dia 22 de janeiro em Bandeirantes.

Ela foi morta com 37 golpes de faca e teve o corpo jogado em uma fossa. O marido de Rosiclei trabalhava em uma fazenda no dia do assassinato.

Eduardo Gomes Rodrigues, 53 anos, agricultor acusado de cometer o feminicídio está preso.