Alô produtor de MS, cuidado

29/09/2021 16:53

Quadrilha fatura milhões com roubos, furtos e adulteração de cargas em MT

Esquema é complexo e teria base na cidade de Rondonópolis

29/09/2021 às 16:53 | Atualizado 29/09/2021 às 15:56 Thiago de Souza
Roubos e furtos de carga explodiram em MT - Divulgação PRF

Maior produtor de grãos do País, o estado de Mato Grosso tem sofrido com ação de quadrilhas, que furtam, roubam e adulteram cargas de caminhões.  Somente o crime de furto, subiu 334%, de janeiro a agosto deste ano, se comparado com o mesmo período de 2020. 

Conforme o Leiagora, o roubo de cargas cresceu 118% no Estado, já os saques aumentaram em 49%, segundo a Secretaria de Segurança do MT. 

Empresários vítimas dos crimes dizem que Rondonópolis sedia uma rede criminosa especializada em atacar caminhões e faturam milhões com o negócio. O esquema seria sofisticado e contaria com a participação de motoristas, funcionários de armazéns e indústrias e de portos, que expedem e recepcionam as mercadorias. 

Motorista, que fechou acordo com a polícia, ao ser flagrado neste tipo de crie, revelou que o esquema é tão complexo e lucrativo, que pode ser comparado ao tráfico de drogas. 

Um empresário vítima do esquema, que preferiu não se identificar, revelou que  motoristas são aliciados em postos de gasolina e recebem de R$ 5 a R$ 10 mil para passar em Rondonópolis e trocar a carga. Tudo seria feito em barracões dentro da cidade.  

“... depois seguem viagem e conseguem descarregar em portos,  terminais e indústrias, onde funcionários são obrigados a entrar no esquema por ameaça ou suborno e os caminhões passam como produto padrão”, relatou uma dos empresários que preferiu não se identificar por medo.

Ainda segundo a denúncia, na hora de aliciar novos envolvidos, criminosos chegariam a garantir que a quadrilha tem suporte de advogados, a fim de garantir que, caso alguém seja preso, consiga ser solto por fiança ou até por falta de provas. 

A organização também já possui meios de burlar os lacres que são colocados pelas empresas. 

“O pessoal consegue trocar os lacres ou mexer na carga sem tirar os lacres, desparafusando tampas das carretas e dificultando um possível flagrante”, relata uma das vítimas. 

Em alguns casos, narra o Leiagora, até mesmo lixões são usados como pontos de adulteração, conforme mostra o vídeo (veja abaixo) em que o motorista foi flagrado no lixão em Paranaguá descarregando farelo e carregando areia para completar o peso da carga. 

Dados

Segundo a Secretaria de Segurança, entre janeiro e agosto de 2020 foram registrados 66 casos de roubo de cargas. Somente este ano foram 144 situações. 

O furto da carga passou de 41 ocorrências no ano passado para 178 este ano. Há ainda casos em que as cargas são saqueadas. Em 2020 foram 51 casos, enquanto nos primeiros oito meses de 2021 este número subiu para 76. 

A Secretaria prometeu inaugurar, ainda em setembro, o Batalhão Rural, especializado no combate aos crimes de cargas e também em propriedades rurais. O objetivo é reduzir a ação dos criminosos. 

O Leiagora informou que, em julho deste ano, a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) deflagrou a Operação Safra que desmantelou uma quadrilha com pelo menos oito envolvidos e que teria movimentado milhões.