Política

há 3 anos

Deputados de MS prestam solidariedade após Simone ser atacada por ministro

Ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário a chamou de 'descontrolada' ao ficar sem respostas na CPI

22/09/2021 às 15:00 | Atualizado 22/09/2021 às 18:59 Rayani Santa Cruz
Senadora Simone Tebet - Agência do Senado

Após a senadora Simone Tebet (MDB) ser atacada pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, ao ser chamada de 'descontrolada', os deputados Fábio Trad (PSD) e Dagoberto Nogueira (PDT) prestaram solidariedade a parlamentar. 

Durante a oitiva ontem (21), o ministro passou de testemunha a investigado pela CPI da Pandemia, por conta do seu conflituoso depoimento. A sessão foi interrompida depois que o depoente chamou a senadora Simone Tebet (MDB-MS) de "descontrolada", o que levou vários senadores a saírem em defesa da colega.

Hoje, Simone agradeceu aos parlamentares que respeitam a participação das mulheres na política e reafirmou sobre a importância de mudar esse pensamento machista que impera em todos os setores do país. 

"Toda vez que a mulher ousa discordar, ousa enfrentar, ela é chamada de descontrolada. Essa palavra é inadmissível e ela não pode ser dirigida a uma mulher enquanto ela está falando, se posicionando ou  defendendo as suas ideias".

O deputado Fábio Trad usou a rede social e intitulou como vergonhoso o comportamento do ministro apoiador do presidente Jair Bolsonaro.

"No dia do discurso que nos envergonhou perante o mundo, uma mulher senadora foi ofendida por um ministro do mesmo governo desavergonhado. Hoje é o dia da vergonha (ou dos que não a tem)."

Dagoberto Nogueira advertiu sobre o descontrole do ministro, ao ser confrontado por uma mulher. "Toda minha solidariedade a minha colega de bancada federal e senadora de Mato Grosso do Sul Simone Tebet. Um absurdo um ministro se comportar de tal forma em uma CPI. Descontrole geral!".

O ataque

Simone expôs uma cronologia das supostas ações e omissões da CGU na malograda negociação do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos, para a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin. Segundo ela, ao contrário de outros contratos relativos à pandemia da covid-19, a controladoria não agiu preventivamente para barrar irregularidades.

A senadora demonstrou que a CGU foi acionada "tarde demais", contrariando acordo firmado com o Ministério da Saúde em 2020 para analisar previamente os contratos da pandemia. Ela ressalvou que os auditores da CGU cumpriram seu dever, emitindo notas técnicas destrinchando as irregularidades. No dia 28 de junho, por exemplo, uma dessas notas apontava a tentativa indevida de pagamento antecipado pela Covaxin. Simone acusou Rosário de ter usado uma dessas notas técnicas apenas para defender o governo em uma entrevista coletiva.

Ao responder, Wagner Rosário recomendou que a senadora "lesse tudo de novo", pois só dissera "inverdades". Simone advertiu que o ministro não poderia dar ordens a uma senadora da República, e comparou-o a um "menino mimado". Foi então que Rosário usou o termo "descontrolada", gerando uma celeuma que precipitou o encerramento dos trabalhos. Ele disse ainda a Otto Alencar (PSD-BA), que o chamara de "moleque de recados" do presidente Jair Bolsonaro, que não responderia "em respeito à sua idade".

À saída da reunião, Simone Tebet disse que o ministro desculpou-se em particular, diz a Agência do Senado.