22/09/2021 07:00
Adolescente é humilhada em venda de curso disfarçada de 'vaga de emprego' na Dom Aquino
Além da falsa promessa, entrevistador sugeriu que ela vendesse bolo de pote para pagar os cursos
Adolescente de 17 anos se diz arrasada, ao ser chamada para uma entrevista de emprego, que segundo ela, era apenas venda de cursos, em Campo Grande. Não bastasse a falsa promessa, ela garante que foi rebaixada pelo entrevistador.
Conforme publicado no grupo Aonde Não ir em Campo Grande e apurado pelo TopMídiaNews, Keith Oliveira, 42 anos, foi procurada pela empresa, para que a filha passasse por uma entrevista de emprego.
‘’A primeira coisa que perguntei no telefone é se não era oferta de cursos. Perguntei duas vezes e a mulher falou duas vezes que era entrevista de emprego para menor aprendiz’’, garante a mãe da adolescente.
No local, a adolescente, que estava acompanhada da avó, conta que o recrutador pediu o currículo dela e teria dito em tom de deboche: ‘’pelo menos trouxe o currículo’’.
‘’Ele comparou meu currículo com o de outras pessoas e só faltou me chamar de burra’’, disse a menor, por meio da mãe.
Após a análise do currículo e da entrevista, diz a denúncia, a adolescente foi informada que não estava preparada para o mercado de trabalho. Em seguida foram oferecidos cursos - todos pagos - mas recusados em razão da falta de dinheiro.
‘’Ele disse que a mãe deveria estar presente para ele dar um ‘puxão de orelha’ porque tenho que incentivar minha filha’’, lamentou Keith. Na sequência, o entrevistador insistiu para que a jovem se esforçasse e aderisse aos cursos da empresa.
‘’Ele disse para minha filha: ‘sua mãe pode dar 50 [reais], seu pai dá 50... você pode vender bolo de pote para pagar’’, conta a mãe, em tom de revolta.
Keith diz que a filha ressaltou que precisava de um emprego e não tinha dinheiro para pagar cursos.
Resposta
O gerente geral da empresa de cursos garantiu que as pessoas são convidadas para uma ‘’entrevista avaliativa’’ e não entrevista de emprego.
‘’Se, de repente, a pessoa tiver boa performance na avaliação, a gente encaminha direto para as agências que fazem a colocação no mercado. Se não tiver, direcionamos para os cursos e até damos bolsas para cursos’’, justifica o gerente.
O empresário diz que o fato da mãe não ter ido ao local provocou ‘’ruídos’’ na informação. Ele garantiu que, ainda na sexta-feira, entrou em contato por telefone com a mãe, sendo esse procedimento de devolutiva uma medida padrão da empresa.
No entanto, a mãe garante que foi ela que entrou em contato com a empresa para reclamar, mas o gerente não estava e retornou depois. A mulher, de forma muito segura e enfática, pediu que a gravação do telefonema que convidou a filha para a ‘’tal entrevista’’ seja exibida pelo empresário.
‘’Depois que eu pedi para mostrar a gravação, ele desconversou’’, diz a denunciante.
O gerente da empresa também disse que, ao retornar para a mãe, ofereceu um curso gratuito para a adolescente. Mas Keith diz que esse curso sequer entra no currículo da pessoa.
O empresário garante que cerca de 300 pessoas passam pelo procedimento, por mês, e que as reclamações são raras. Ele disse que o recrutador que atendeu a menor nunca recebeu queixas.
‘’Não controlamos a frustração das pessoas. Aqui nós atendemos todos os tipos de pessoas. Tem famílias fragmentadas, com valores invertidos. Muitas mães não querem trabalhar e botam as filhas para trabalhar’’, refletiu o gestor.
Reclamações
Até a tarde desta segunda-feira (20), a postagem no grupo alcançou 113 comentários. Dezenas dele dando razão à denunciante.
‘’Há muitos anos passei por isso. Deveriam fechar isso, já enganaram muita gente’’, disse uma internauta. Outra destacou:
‘’Eles falam que é entrevista de emprego para atrair os jovens. Chega lá começam a falar que o mercado de trabalho é concorrido e quem sai na frente é quem tem algum curso dos que eles oferecem’’.