10/09/2021 08:51
Travesti surrada por dupla em Corumbá lamenta: "nunca mexi com a vida de ninguém"
Ela destaca mistura de sentimentos, como raiva, indignação e acima de tudo, revolta
“Eu saio sempre com os amigos, curto a minha diversão com responsabilidade, nunca mexi com a vida de ninguém e me acontece isso? É uma mescla de sentimentos, pois sinto raiva, indignação e acima de tudo, revolta pelo que passou comigo”, esse é o desabafado da travesti Shaila Vório, 44 anos.
Ela denunciou à Polícia Civil de Corumbá agressão que sofreu na madrugada de quarta (8), de dois indivíduos, um deles de 25 anos, que estavam na companhia de um casal amigo da vítima.
Em entrevista ao Diário Corumbaense, após passar por exame de corpo de delito nesta quinta-feira (9), Shaila disse que estava em um carro, com mais quatro amigas na madrugada do fato, quando por volta das 04h30, parou o veículo no Porto Geral, para beber.
Uma amiga dela, que estava no local, a reconheceu e a chamou, pedindo para dançarem juntas.
“Como a conheço, fui como sempre cumprimentá-la. Neste momento, o marido dela chegou e me deu uma chinelada na bunda, mas brincando, pois, também o conheço e sempre me cumprimenta na rua. Mas logo em seguida, dois rapazes que estavam com eles, vieram e me deram chinelada com força e sem motivo, e ainda falaram: ‘sai daqui, travesti’. Eu disse: ‘ei, vocês estão loucos?’, e saí de perto deles, indo na direção do carro que estava”, relembrou.
Ainda segundo Shaila, os constrangimentos não pararam por aí.
“Eles voltaram (os dois indivíduos), um deles me pegou pelo pescoço tentando me arrancar de dentro do automóvel e minhas amigas me defenderam, mas o outro, de 25 anos, também veio e falava: ‘ele tem que virar homem. Tem que apanhar que nem homem’. Logo em seguida, o outro agressor arremessou uma lata de cerveja que atingiu meu rosto e quando vi, a minha boca estava sangrando e dois dentes meus foram quebrados devido ao golpe”, contou Shaila.
A vítima, afirmou que sempre sai para se divertir na companhia de amigos e nunca havia passado por uma situação dessa.
As agressões só não foram piores, conforme a vítima, porque as amigas a defenderam.
Nas redes sociais, amigos e familiares de Shaila demonstraram indignação, por meio de mensagens com imagem da vítima após a agressão, e pediram investigação para que os dois homens respondam pelo que fizeram. Para eles, está claro que foi um caso de homofobia.
O site local, Diário Corumbaense entrou em contato com Márcio Kalango, coordenador de Políticas Públicas para LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), órgão da Prefeitura de Corumbá.
Ele informou que a Coordenadoria, ao tomar conhecimento do caso, orientou a vítima a procurar a Delegacia para registro da ocorrência e a partir de agora prestará apoio não só a ela, como à família.