20/07/2021 13:00
Bolsonaro fala de voto impresso para não falar da miséria, fome e inflação, disparam políticos de MS
Assunto é polêmico e 'cabo de guerra' vai longe até a primeira votação na Câmara dos Deputados
Deputados de Mato Grosso do Sul classificaram no Twitter a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 135/19, que torna o voto impresso obrigatório como "ilusionismo político". A proposta ficou para ser votada no retorno do recesso na Câmara dos Deputados após muita discussão na semana passada.
"Tenho muitas mensagens dos seguidores de Bolsonaro sobre o voto impresso, mais um ilusionismo político implantado pelo gabinete do ódio. Eles inventam essas questões e não se ocupam da fome, do desemprego, do preço absurdo do gás, do combustível e por aí vai. Cuidado!", diz o deputado Dagoberto Nogueira (PDT).
O cabo de guerra sobre o voto impresso para as eleições de 2022 ainda vai dar o que falar, pois de um lado existe o presidente Jair Bolsonaro e grupos bolsonaristas que dizem não reconhecer o resultado das urnas por risco de fraude. De outro lado está o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), oposição e lideranças políticas que defendem a urna eletrônica afirmando sobre o contraponto de que nunca foi detectado um único indício de fraude eleitoral em 25 anos de utilização de urnas eletrônicas.
O deputado Fábio Trad (PSD) afirma que outros problemas devem ser resolvidos no país como: pessoas passando fome e altas no gás e energia elétrica. "Esta questão sobre o voto de papel plantada por Bolsonaro é ilusionismo político. Enquanto ocupa o povo a debater essa questão, o governo surfa e não é escolha pela fome, corrupção na vacina, desemprego, valor absurdo do gás, dos alimentos, dos preparados. Não caio nessa."
De oposição, o deputado Vander Loubet (PT) acredito que "a proposta de canhoto impresso faz parte de um movimento para tumultuar as eleições de 2022 e parte da estratégia de criar uma narrativa para contestação em caso de derrota".
"Afinal, todas as pesquisas mostram o Lula com ampla vantagem. Vão alegar fraude, a mesma estratégia que o Trump adotou quando perdeu nos EUA. O próprio Bolsonaro e vários de seus apoiadores foram eleitos em 2018 dessa forma... Por acaso alguém questionou os resultados? Algum deles achou que houve fraude em seu favor? Por fim, acho importante destacar que um eventual canhoto impresso da votação poderia facilitar o chamado "voto de cabresto". Hoje, quando o cidadão vota na urna eletrônica, só ele sabe em quem votou, ninguém pode contestá-lo ou questioná-lo. Com a mudança, seria fortalecida a prática de compra de votos."
A favor do voto impresso
Luiz Ovando (PSL) é a favor do voto auditável. "O voto impresso ou auditável é a síntese do processo eleitoral. Portanto, não pode pairar qualquer sombra de dúvida ou insegurança sobre a expressão da vontade da população. Por isso, sou a favor do voto impresso."
Na Câmara, também existe um grupo de parlamentares que defendem uma solução híbrida que contemple os dois lados, com a implantação escalonada do voto impresso, começando por 5% das urnas em 2022 e chegando a 100% delas em 2030, ao custo total de R$ 2,5 bilhões.
Semana passada, o presidente da comissão especial, deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), decidiu atender o pedido do relator, deputado Filipe Barros (PSL-PR), por mais prazo para incorporar sugestões em novo substitutivo. A próxima reunião do colegiado foi marcada para o dia 5 de agosto, depois do recesso parlamentar.