15/06/2021 10:29
Secretário quer Campo Grande de volta ao lockdown: ‘é negação do quadro grave'
O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, teme agravamento de colapso na saúde e diz que 250 pessoas, a maioria de Campo Grande, aguardam na fila para leitos de UTIs
O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, que emitiu nota ontem (14) lamentando a postura do prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), em contrariedade ao decreto estadual, disse que não existe controle da doença no Estado e que isso seria mais “uma falácia e negação do quadro grave”.
Resende afirma que a situação é grave e que aproximadamente 250 pacientes aguardam em filas para leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), sendo a maioria de Campo Grande, o que desmistifica o fato de o recebimento de mais 30 leitos na Santa Casa ser a solução em definitivo para o problema. Até o momento, 34 pessoas foram transferidas para outros estados.
Questionado sobre o que o governo do Estado vai fazer a respeito, o gestor afirmou ao TopMídiaNews que a medida “colide frontalmente com as recomendações da área sanitária, e é uma espécie de negação. A gente espera que o Ministério Público possa fazer intervenções no sentido de que os municípios possam respeitar as recomendações”.
Enxugando gelo
Sem querer causar desconforto com os gestores, Resende diz que o decreto municipal causou surpresa à Secretaria de Estado de Saúde, já que o Prosseguir agiu de acordo com pedidos da própria Assomasul (Associação dos Prefeitos de MS).
“O governo já manifestou, através da nota oficial, nos causou surpresa. A Assomasul pediu medidas uniformes, vinculantes e que o decreto fosse colocado como obrigatoriedade dos municípios devido à letalidade e o quadro que apresenta hoje. Pediram rigidez em fiscalizações e inclusive a instituição da Lei Seca. O quadro é tão difícil, dramático e ruim que nós estamos vendo os aviões da FAB descendo no aeroporto, foram 34 pacientes encaminhados ao outros estados. Não existe controle, isso é falácia! É como enxugar gelo. A gente tem que aturar na causa e o único remédio que a ciência indica é diminuir aglomerações, cumprimentos de regras sanitárias e vacinas.”
Responsabilidade dos municípios
O secretário ainda afirmou que, diante do decreto municipal de flexibilização, “o que acontecer de mortes e aumento de infectados deve ser imputado aos municípios, prefeitos e prefeitas, que aderirem essas medidas.”
Pede para Capital retroceder
Resende espera que o prefeito Marquinhos Trad retroceda na decisão, até para não dar mau exemplo aos gestores do interior, e ter seguidores tomando as mesmas medidas de flexibilização.
“Esperamos que o município possa retroceder nessa sua decisão, para não servir de mau exemplo para outros municípios e que nós possamos continuar mantendo a unidade que construímos em Mato Grosso do Sul. Esse foi o diferencial para gente ter sucesso em vários enfrentamentos que tivemos com a covid-19. Se nós temos um quadro dramático hoje, já tivemos muitas conquistas que vieram dessa unidade. Esperamos que o município retroceda dessa sua decisão e que a gente volte a ser uma unidade, que foi tão importante durante todos esses meses de enfrentamento aqui no Estado.”