In Memoriam

10/06/2021 10:23

Betina Siufi morre de câncer em Campo Grande

Betina ficou conhecida em território nacional por fazer parte da máfia do hospital do Câncer

10/06/2021 às 10:23 | Atualizado 10/06/2021 às 11:21 Nathalia Pelzl
Betina ficou conhecida em território nacional por fazer parte da máfia do hospital do Câncer - Deurico Brandão

Ex-presidente da Fundação Carmen Prudente (mantenedora do Hospital do Câncer), Betina Moraes Siufi Hilgert, morreu, na madrugada de hoje (10), em Campo Grande. 

Em tratamento contra um câncer, ela passou mal durante a madrugada, chegou a ser levada para um hospital da cidade, mas não resistiu. A doença teria agravado nos últimos 20 dias, conforme informações apuradas pelo TopMídiaNews

A equipe de reportagem tenta contato com a família. Betina ficou conhecida em território nacional por fazer parte da máfia do hospital do Câncer. 

Já doente, ela chegou a travar batalhas na Justiça por medicamento. 

Investigação

O MPF apontou que a "Máfia do Câncer" era supostamente formada pelos médicos Adalberto Abrão Siufi e Issamir Farias Saffar, ex-diretores do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, Luiz Felipe Terrazas Mendes e Blener Zan, ex-diretor-presidente e ex-presidente da Fundação Carmen Prudente (mantenedora do Hospital do Câncer) e Betina Moraes Siufi Hilgert, filha de Adalberto e ex-administradora do hospital e o técnico em radiologia Adalberto Chimenes.

A Operação Sangue Frio, também conhecida como Máfia do Câncer, apurou em 2013 diversas irregularidades ocorridas na Fundação Carmem Prudente de Mato Grosso do Sul (Hospital do Câncer), como  contratação de empresas prestadoras de serviço de propriedade dos diretores ou vinculados à família de Adalberto Siufi; contratação de familiares para ocupar funções responsáveis pelas finanças da fundação e para ocupar altos cargos; cobrança do Sistema Único de Saúde de procedimentos de alto custo após o óbito dos pacientes; e acordo com farmácia com indício de superfaturamento.

Em junho de 2014, com base em análises preliminares de provas e documentos colhidos na operação, a Justiça Federal de Campo Grande atendeu ao pedido do Ministério Público e determinou o bloqueio de R$51.381.369,79 na conta dos acusados. Os réus, contudo, recorreram ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), que diminuiu a restrição patrimonial de cada um deles para R$ 6.344.249,99.

Inconformado com o montante bloqueado e após análises conclusivas de peritos e auditores nos documentos apreendidos na operação, o MPF recorreu à Justiça para ampliar o valor bloqueado. Com a nova decisão judicial, cada réu terá, individualmente, R$ 29.025.657,14 em bens indisponibilizados, o que totaliza R$ 116.102.628,59.

Em abril de 2017, a Justiça Federal bloqueou R$ 116 milhões em bens de quatro réus investigados na Operação Sangue Frio, Adalberto Abrão Siufi, Betina Moraes Siufi Hilgert, Issamir Farias Saffar e Blener Zan tiveram ao todo, R$ 116.102.628,59 bloqueados (R$ 29.025.657,14 cada), um aumento de 360% em relação ao montante não disponibilizado no início do processo.

A complementação no bloqueio de bens foi pedida pelo MPF após a conclusão das apurações. Análises de peritos da Polícia Federal e auditores da Controladoria Geral da União nos documentos colhidos no curso operação apontaram um prejuízo ao erário de quase R$ 27 milhões.

No pedido de bloqueio de bens, o Ministério Público considerou ainda a aplicação de possível multa civil (de três vezes o valor do dano), além da atualização monetária.

Na época, para o órgão ministerial, o valor do prejuízo estimado aos cofres públicos é um fato novo, sendo "plenamente cabível a alteração dos valores a serem bloqueados, cumprindo-se os ditames da Lei de Improbidade, que exige bloqueio de bens que assegurem o integral ressarcimento do dano".