Campo Grande

09/05/2021 14:08

Mãe solo de 11 filhos, Terezinha de ‘Jesus’ é pura coragem e determinação

O Dia das Mães traz histórias incríveis de mulheres que trabalharam muito para criar seus filhos e merecem homenagens

09/05/2021 às 14:08 | Atualizado 09/05/2021 às 12:57 Rayani Santa Cruz
Terezinha Sebastião é uma super mãe, avó e bisavó - Arquivo Pessoal

Com 74 anos, Terezinha Sebastião que é mãe de 11 filhos traz consigo um livro de histórias na memória. Nele há momentos de tristeza, muitas dificuldades financeiras e ainda uma verdadeira guerra vencida para manter o sustento de uma família toda sozinha.

"Se for contar tudo o que eu passei na minha vida inteira não cabe em um caderno. Aos trancos e barrancos criei esses meus filhos e as coisas foram melhorando através de muita luta e conquistas sempre sozinha. Essa casa mesmo e tudo o que foi construído até hoje foi integralmente com o suor do meu trabalho", diz orgulhosa.

Terezinha  que é cozinheira casou jovem e ficou viúva por duas vezes. O primeiro marido desapareceu deixando-a com duas crianças pequenas. Os dois outros faleceram com pouco tempo de casamento e com o passar dos anos, a viúva que teve 11 filhos (três mortos ainda bebês) se deparou com 8 filhos e a batalha pela sobrevivência.

Nascida na cidade de Califórnia no Paraná, em 1947, Terezinha chegou em Campo Grande em 1977.  

Luta na Fazenda

Terezinha conta que o segundo marido Agenor de Abreu Neiva era gerente de peões de uma fazenda próxima a Capital e sofreu uma emboscada no dia do pagamento por três dos funcionários. Ela e o marido foram abordados já a noite e pegaram foices e ferramentas para lutar contra os bandidos que invadiram a casa.

"As crianças estavam dormindo e por Deus não acordaram. Eu fui pra cima deles com uma foice e consegui acertar um. O Agenor foi pra fora e ainda lutou bastante com outro deles, mas acabou baleado e caiu agonizando. "

Agenor acabou falecendo e o trio fugiu com o envelope de dinheiro. No outro dia, período da manhã a Polícia Militar encontrou os bandidos e efetuou a prisão de todos.
Terezinha conta que viu pelos jornais que eles foram julgados e condenados. 

                                                       

(Terezinha e os filhos registraram a imagem ao chegarem em uma fazenda próxima a Campo Grande. Foto: Arquivo Pessoal)

Vida na cidade

Após a tragédia com o marido, a viúva veio morar na Capital onde comprou um terreno na Vila Jacy após muito tempo de aluguel. Praticamente sozinha levantou inicialmente uma pequena casa de madeira na Vila Jacy e continuou a vida de trabalho intenso.

"Trabalhei cozinhando dia e noite em restaurantes, fazendo faxinas e nunca mandei meus filhos pedir nada a ninguém. Foi um período de muito sofrimento e pobreza. Mas ainda assim, sempre que eu podia ajudava até os vizinhos. Trazia comida e distribuía entre eles. Graças a Deus nós vencemos as dificuldades, mas não foi fácil."

Foram quase 20 anos de luta até as crianças cresceram. As cinco mulheres foram formando suas famílias. Terezinha perdeu um dos três filhos homens já adulto e o caçula Silvio Sebastião, de 35 anos ainda faz companhia para ela em casa.

"Minha mãe é inspiração, símbolo de força e perseverança. Mãe que deixou seu tempo para com os filhos para viver do trabalho e ter suas conquistas. Ela é digna de inspiração pra qualquer um que pense em dias difíceis, os dias dela não foram nada fáceis, mas ela sempre vem superando", diz Silvinho. 

Sandra de Abreu Neiva, de 49 anos, diz que a honestidade da mãe é um ótimo exemplo. "Ela é uma pessoa caprichosa, gentil, honesta e sempre batalhou."

Silvana Neiva Garcia diz que a mãe é super prestativa. "Quando a gente precisa dela é muito prestativa e demonstra o amor em tudo. Sempre está disposta a estender a mão."

"É uma mulher de garra e não deixa a peteca cair e segue. Assim nos ensinou", diz Marcia Sebastião, a caçula das filhas mulheres.

Hoje Terezinha é avó de 24 netos e possui 17 bisnetos.

Recado para os filhos

Terezinha de Jesus como também foi chamada por muitos anos pede para que todos os filhos amem suas mães e pratiquem o hábito de dar atenção e consideração ainda em vida.

 "Os filhos devem obedecer às mães e amar muito enquanto elas estão vivas. Porque não adianta amar a mãe depois que já se foi. Temos de dar valor. Eu mesma o que mais gosto é que me deem atenção. Não precisa me dar presente e nem nada, mas só o fato de serem educados e terem consideração é mais que o suficiente. Então, nesse Dia das Mães peço que os filhos e as filhas respeitem as mães."