CORONAVÍRUS

04/05/2021 09:16

Pacientes que tiveram covid grave têm anticorpos até um ano após infecção, aponta estudo

A pesquisa contou com a participação de mais 11 instituições militares de pesquisa em ciências médicas

04/05/2021 às 09:16 | Atualizado 04/05/2021 às 07:50 Nathalia Pelzl
Amazônia Legal

Anticorpos neutralizantes contra a covid-19 foram identificados em amostras de pacientes um ano após contraírem a doença, de acordo com investigação realizada pela Uniformed Services University of Health Sciences, nos Estados Unidos.

O estudo foi divulgado e publicado no domingo (2) em uma versão preliminar, que deve ser revisada. 

A pesquisa também contou com a participação de mais 11 instituições militares de pesquisa em ciências médicas.

Entre as conclusões, a pesquisa ainda aponta que a presença de anticorpos está associada à gravidade da doença e pode ter relação com a idade do paciente.

Conforme divulgado pelo G1, os médicos coletaram amostras de sangue de 250 voluntários que já tinham contraído a doença. Do total, 192 tiveram Covid em sua forma leve ou moderada, sem a necessidade de hospitalização, e 58 tiveram a forma grave da doença e precisaram de internação.

Os participantes cederam amostras durante as três primeiras semanas da infecção. Após esse período, foram feitas mais três coletas: ao fim do 3°, 6° e 12° mês.

Ao final do período de doze meses, 100% do grupo que havia sido hospitalizado ainda apresentava anticorpos neutralizantes, enquanto que entre os que contraíram a doença em sua forma moderada esse percentual caiu para apenas 18%.

Os resultados preliminares do estudo apontam que a duração dos anticorpos pode ser maior do que o previsto em pesquisas anteriores, além de estar relacionado à gravidade da doença e à idade do paciente.

Em julho de 2020, um estudo publicado na revista científica Nature já havia apontado que o sistema de defesa do corpo humano poderia ser capaz de "lembrar" da infecção pelo coronavírus por um longo período de tempo e produzir defesas contra a Covid.

Anticorpos contra a Covid-19

O estudo evidenciou que a resposta imunológica varia conforme a gravidade da doença, sendo variável e com tendência a redução em pacientes que não foram expostos a grandes cargas virais e desenvolveram apenas a forma leve e moderada da doença, sem a necessidade de hospitalização.

A presença de anticorpos neutralizantes foi medida durante os seis meses iniciais em todo o grupo, sendo que, todos os participantes que foram hospitalizados apresentaram anticorpos neutralizantes tanto seis meses quanto um ano após o diagnóstico inicial.

Já entre o grupo que havia contraído a doença em sua forma moderada, houve uma drástica redução no percentual de participantes que possuíam anticorpos após um ano da doença.

Os pesquisadores notaram que após seis meses da doença, 95% do grupo ainda possuía anticorpos neutralizantes, enquanto que um ano depois esse percentual se reduziu para apenas 18%.

Entretanto, vale notar que os anticorpos não representam toda a capacidade de defesa do organismo. 

Ou seja, ainda que um teste não localize anticorpos, não é possível afirmar que o paciente não tem imunidade ou não seja capaz de reagir ao Sars-Cov-2.

Ainda é preciso considerar que uma resposta também pode depender de como a imunidade celular irá agir diante da ameaça.

A idade, de acordo com o estudo, também tem um papel decisivo quanto à duração dos anticorpos contra a Covid-19, sendo mais baixa e variável entre os jovens.

As amostras sanguíneas também foram separadas em três grupos: 18 a 44 anos, 44 a 64 anos e acima de 65 anos.

A idade média dos pacientes hospitalizados era de 58 anos e dos não hospitalizados, 43 anos.

A investigação aponta que, entre o grupo que foi hospitalizado, os participantes com mais de 65 anos apresentaram melhores resultados quanto à duração de anticorpos neutralizantes, se comparado com os outros dois grupos.

Os pesquisadores alertam que entre os hospitalizados, os pacientes com 65 anos ou mais estavam em menor número. Por isso, os dados precisam ser interpretados com cautela e complementados futuramente.

Apesar dos resultados, os cientistas não descartam a necessidade da vacinação em toda a população.