24/04/2021 11:30
Acuado, Conselho de Medicina muda versão e nega ter autorizado cloroquina
Presidente da entidade, que é de MS, não quis rever parecer da entidade em 2020
O vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Donizette Giamberardino, negou, perante audiência pública com senadores, que a entidade algum dia autorizou o uso da hidroxicloroquina.
Segundo a Agência Brasil, na segunda-feira (19), Donizette alegou que a entidade "não recomenda e não aprova tratamento precoce e não aprova também nenhum tratamento do tipo protocolos populacionais [contra a covid-19]”.
No entanto, em 2020, o CFM aprovou parecer que facultou aos médicos a prescrição da cloroquina e hidroxicloroquina.
Questionado sobre uma possível incoerência, Donizette respondeu que o parecer foi, na verdade, uma autorização fora da bula, conhecida como ‘’off label’’. Neste caso, um profissional da medicina poderia prescrever o medicamento, em situações individuais, e com a autonomia das duas partes.
O vice-presidente também esclareceu que o parecer, dado à época pelo CFM, não significava um ‘’habeas corpus’’ para nenhum médico e que ‘’havendo evidências de previsibilidade, prescrever medicamentos off label e isso vier a trazer malefícios porque essa prescrição foi inadequada, seja em dose ou em tempo de uso, pode responder por isso”.
Mauro Ribeiro
Vale lembrar que a entidade é presidida pelo médico sul-mato-grossense, Mauro Luiz Britto Ribeiro, que também presidiu o CRM-MS.
Mesmo após um ano da pandemia e com vários estudos comprovando a ineficácia da cloroquina contra a covid, Mauro Ribeiro se recusou a rever parecer da entidade, que autorizava médicos a receitarem os medicamentos.
À época, em março deste ano, Ribeiro justificou que não havia consenso no mundo científico sobre a ineficácia da cloroquina.
Processos
Não bastasse defender medicamentos sem comprovação científica, Ribeiro teve um escândalo revelado pelo jornal Estadão.
O site descobriu uma ação judicial, que apontava que Mauro teria faltado 873 plantões na Santa Casa de Campo Grande, mas recebeu os salários como se tivesse atendendo, de 2013 a 2015.
No período indicado pelo jornal paulista, Ribeiro, no entanto, recebeu R$ 72 mil em salários indevidamente. Ele foi condenado junto de outros nove profissionais médicos.
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