24/03/2021 16:45
Unicamp confirma paciente na fila de transplante por intoxicação com kit covid
Atleta de 50 anos desenvolveu hepatite medicamentosa por kit recomendado por médico
Morador de Indaiatuba, São Paulo, de aproximadamente 50 anos, atleta e se histórico de outras doenças, é o primeiro paciente confirmado com hepatite tóxico-medicamentosa relacionada ao uso do "kit covid", sem eficácia comprovada. As informações são do G1.
Segundo o HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp, em Campinas, ele foi diagnosticado com a doença há cerca de três meses e apresentou pele e olhos amarelados um mês após utilizar ivermectina, hidroxicloroquina e azitromicina, além de zinco e vitamina D, sob prescrição médica.
"Ele chegou com uma síndrome de doença hepática pós-Covid, mas quando analisamos, vimos que não se enquadrava muito bem na síndrome. Tinha alterações específicas e analisamos a biópsia. Era, na verdade, uma hepatite medicamentosa que causou a destruição dos dutos biliares, e o paciente tinha usado somente, nos últimos quatro meses, remédios do 'kit Covid'", relata a professora e médica da unidade de transplante hepático do HC, Ilka Boin.
O homem segue internado e deve ser inserido na lista para transplante de fígado na sexta-feira (26) após a realização de novos exames. "As lesões foram bem importantes. No começo a gente ia até indicar o transplante de urgência, mas ele foi melhorando conforme foi sendo tratado e avaliado", afirma a médica.
O tratamento precoce, defendido por alguns médicos e até pelo presidente Jair Bolsonaro, não é reconhecido e é contraindicado por entidades como a Organização Mundial da Saúde, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e da Europa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Sociedade Brasileira de Infectologia.
Segundo Ilka, o paciente foi tratado inicialmente na capital paulista, onde existiam outras duas pessoas com quadros clínicos semelhantes. Os demais pacientes, porém, morreram antes de entrar na lista para um transplante.
"Até semana passada, a gente só tinha esse caso. Da semana passada para cá, nós já soubemos de mais quatro [em outras cidades]. Talvez comecem a aparecer [mais casos]", analisa.