Diversas pessoas que participaram do ato contra o presidente Jair Bolsonaro nos últimos dois meses, em todo país, acabaram levando um susto ao receberem multas com valores de R$ 88,38 até mais de R$ 5,8 mil.

O curioso caso foi desvendado pela Agência Pública, que identificou que 46 multas foram lanças somente em Porto Alegre. As multas vieram descritas como "passageiro sem cinto de segurança", "buzina por tempo prolongado" e até "obstrução do trânsito".

A agência ainda procurou no Detran-RS sobre possíveis infrações no mesmo período em atos que apoiaram o presidente, mas não houve registros de ocorrências.

Florianópolis apontou pelo menos 20 multas por participarem de carreatas, além de São Paulo e Brasília que também mostrarem indignação com as multas recebidas.

"Foi totalmente descabida a autuação, fiquei incomodada. Se ainda tivesse feito algo errado, tudo bem, mas eu estava de cinto o tempo todo. Participar do protesto é um direito civil. Como a população vai ficar à vontade para protestar se a retaliação vem assim, como uma forma de silenciamento?", indagou uma servidora entrevistada pela Agência Pública que recebeu uma multa de R$ 195 por transitar sem cinto.

Em Santa Catarina, um professor universitário teve o direito de dirigir suspenso por 12 meses. Um casal de manifestantes teve seu carro classificado na infração de obstrução de trânsito e acabou levando uma multa de R$ 5.869,40.

Leandro Moraes Vidal, integrante da direção estadual da Central Intersindical de Florianópolis, mais de 20 pessoas levaram multas semelhantes ao do casal e do professor e relatou que tudo foi acabou sendo organizado pela própria polícia, mas que as multas vieram.

"Não fizemos a notificação da carreata. Mas foi muito grande a adesão e isso gerou bastante tumulto. No dia do evento, fomos abordados pela Polícia Militar e eles se colocaram à disposição para organizar o trânsito. Tudo ocorreu normal. Tinha alguns policiais filmando. Dias após, começaram a surgir multas".

Tanto a Polícia Militar de Santa Catarina e a Guarda Municipal da cidade disseram para a reportagem da Agência Pública que não possuem informações sobre as multas que foram lavradas, sendo as mesmas enviadas pelo Detran-SC.