In Memoriam

08/02/2021 15:00

Cinco dias após perder filha, Elaine organiza caminhada e faz apelo por atendimento humanizado

“Eu só quero que isso não aconteça mais com ninguém”, disse a mãe em entrevista

08/02/2021 às 15:00 | Atualizado 08/02/2021 às 19:03 Nathalia Pelzl
Arquivo pessoal

Os dias da microempreendedora Elaine Silva, mãe da Antonella, de 1 ano e 3 meses, que morreu em Bataguassu, no dia 3 de fevereiro, estão sendo dias difíceis. 

A morte da criança comoveu a população, que cobrou explicações sobre suposta falha no atendimento realizado pelo pronto-socorro da Santa Casa do município. 

Ao TopMídiaNews, Elaine revelou que organiza uma caminhada para hoje, às 18h30, com saída na Praça do Peixe no município. 

"A gente vai sair da praça do Peixe, vamos na frente da Santa Casa, na frente da secretaria da saúde e depois na frente da prefeitura. Não pretendo entrar com ação, passar sofrimento de desenterrar o corpo da minha filha, não quero mais sentir essa dor, só quero lutar por um atendimento melhor, tenho mais três filhas também”, desabafa a mãe. 

A mãe revela que não consegue nem explicar o sentimento que tem. “Minha vida mudou de um dia para o outro, quando eu durmo, eu quero acordar e acreditar que tudo foi um pesadelo e que minha filha está comigo”, revela. 

“Minha filha era linda, tinha brilho no olhar, tinha 1 e ano e 3 meses e nunca tinha tido gripe, aí amanheceu no domingo com caxumba. Ela era a alegria da minha casa, era minha vida, levaram um pedaço da minha vida embora, acabaram com minha vida”, lamenta com lágrimas. 

“Eu só quero que isso não aconteça mais com ninguém”, finaliza. 

ENTENDA 

Antonella passou mal no dia 31 de janeiro, foi atendida no pronto-socorro da Santa Casa, diagnosticada com suspeita de caxumba e depois liberada para retornar para casa. 

A mãe questionou a falta de diagnóstico mais preciso no primeiro dia de atendimento, que, segundo ela, poderia ter salvo a criança. 

“Se o clínico me atendesse na noite do primeiro dia, que levei ela com o pescoço inchado e com febre, adequadamente, talvez ela estaria aqui", disse.

Na quarta, dia do óbito, a mãe levou a criança até o Posto de Saúde no Jardim São Francisco e, após consulta, ela foi encaminhada com urgência ao Centro de Especialidades Médicas para atendimento com um especialista em pediatria. 

Entretanto, a mãe relatou que ao chegar na unidade de saúde o atendimento foi negado. "Não queriam atender ela, minha mãe ligou lá e ameaçou fazer um barraco e chamar a polícia, aí sim, mandaram eu levar ela que ela seria atendida”. 

Logo em seguida, ela foi atendida por uma médica pediatra, que a encaminhou ao Pronto Socorro, onde a criança veio a óbito

OUTRO LADO

Em nota a Prefeitura de Bataguassu negou negligência e disse que todo o atendimento necessário foi prestado a paciente. Ela destacou que a criança foi atendida primeiro no pronto-socorro municipal no dia 31 e depois no posto de saúde do bairro Jardim São Francisco. 

A prefeitura enfatiza que a paciente foi atendida e que não houve demora. A nota completa que a criança recebeu todo atendimento necessário, mas apresentou parada cardiorrespiratória. “Foi realizada manobras de reanimação pela equipe médica presente, porém, sem sucesso, e a criança evoluiu a óbito às 17h05", finaliza.