Interior

11/02/2021 07:00

Empresária surrada por tenente é chamada de louca e vira sarro em grupo de PMs em Bonito

Até uma oficial, que coordena programa de violência contra a mulher, debochou da vítima

11/02/2021 às 07:00 | Atualizado 09/02/2021 às 09:54 Thiago de Souza
Reprodução Youtube

Empresária Amélia Brandão, 44 anos, que foi covardemente agredida pelo tenente da PM, André Luiz Leonel, em setembro de 2020, em Bonito, virou piada em um grupo de WhatsApp de PMs em Bonito. Dois dias depois da ocorrência, militares já tinham a foto dela e a chamaram de ‘’louca’’. 

Conforme apuração do TopMídiaNews, as agressões contra a mulher ocorreram em 26 de setembro, mesmo ela estando algemada e cercada por vários policiais. Nos prints do grupo, aos quais o site teve acesso, alguns PMs da cidade já tinham a foto da vítima e a trataram como ‘’QBU’’, que na gíria policial significa pessoa com transtornos mentais. 

‘’Essa QBU deu trabalho para a guarnição no sábado’’, escreveu um soldado. Outro completou: ‘’QBU ao triplo’’. Outros policiais da cidade reagem com sinais (emojis) de risadas, sinalizando concordância com as piadas feitas por outros. 

A imagem a qual os policias se referiam mostra Amélia, que mora em Corumbá, posando para uma foto, junto dos filhos e do marido durante passeio na cidade turística. Outros detalhes chamam a atenção para o caso. O soldado que postou a foto não estava na ocorrência da agressão, por isso, tudo indica que alguém que teve acesso ao registro do boletim no quartel repassou a informação para ele. 

                                                    

Respeito? 

A falta de respeito e empatia com a empresária não parou por aí. A tenente PM Bruna Carla Sanches Rodrigues também entrou no deboche junto com os colegas. 

‘’Guarnição está jurada de morte’’, brincou a oficial, ao comentar a postagem de um praça. 

Por ironia, Bruna é coordenadora do Promuse – Programa Mulher Segura – criado pela PM, em Bonito, que consiste em monitorar e acompanhar mulheres que foram vítimas de violência doméstica na cidade. 

Ainda segundo a apuração, a tenente era oficial de dia na ocasião que a agressão à empresária ocorreu, em Bonito. Ela teria sido acionada que a ocorrência era de natureza mais grave que o normal, mas não atendeu as ligações e mensagens de alerta. 

Dois meses depois da ocorrência, quando o vídeo da agressão caiu nas mãos da imprensa, em 21 de novembro, Bruna justificou ao Comando da PM que não tinha sido avisada por subordinados sobre a ocorrência. No entanto, as postagens no WhatsApp denotam que todos do grupo sabiam que a ocorrência foi complexa. 

Resposta

O espaço está aberto aos citados na matéria. Dois questionamentos sobre assuntos relacionados a esse caso foram enviados para a assessoria da PM, há mais de um mês, no entanto, não foram respondidos. A primeira resposta do Comando da PM dada ao site é que todas as denúncias estão sendo apuradas.